Cassação de liminar dá novo ânimo à fusão da Varig com a Tam

Brasília – A fusão das empresas aéreas Tam e Varig pode ser retomada. O desembargador Nagib Slaibi Filho, da 6a.Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, cassou hoje a liminar que garantia o retorno dos executivos Yutaka Imagawa e Gilberto Rigoni aos cargos, respectivamente, de presidente do Conselho de Curadores da Fundação Rubem Berta (FRB) e do Conselho de Administração da FRB-Par, holding que controla as operações da empresa. Isso permite que as duas entidades prossigam com o processo da fusão.

Essa fusão seria uma maneira de salvar a Varig, endividada com fornecedores, a órgãos públicos e funcionários. Segundo o professor de economia da Unicamp e consultor do Banco Fator, Luciano Coutinho, que preparou o modelo da fusão, esse seria o único plano factível para resguardar a empresa. ?A companhia que nascer será mais eficiente e sairá lucrando com ganhos de escala?, destacou Coutinho. Ele também acredita que não haverá intervenção do governo, como chegou a sugerir Carlos Wilson, o presidente da Infraero, um dos maiores credores da Varig.

Um dos que acredita que a fusão vai ajudar o mercado de aviação no Brasil é o presidente da Gol, Constantino Oliveira. Para ele ainda haverá espaço para concorrência e que o mercado vai se tornar mais forte.

Mas muitos não acreditam que a fusão resolva os problemas e temem que os direitos dos empregados da Varig sejam desrespeitados. As associações de Pilotos da Varig (Apvar), de Comissários de Bordo da Varig (Acvar) promoveram na tarde de hoje no auditório Petrônio Portela, no Senado Federal, o ?Fórum em Defesa da Varig?. Segundo o vice-presidente da Apvar, o comandante Marcio Kasper Marsillac, a fusão não contempla os trabalhadores. ?O próprio Fator admite que devem ser eliminados 5 mil postos de trabalho, mas acreditamos que as demissões serão ainda maiores?, acusa Marsillac.

O comandante diz que os funcionários têm um plano alternativo mais justo, mas que este não está sendo avaliado pelo governo. Esse plano prevê uma reestruturação da empresa pelos servidores, desconto nas dívidas com funcionários, governos e investidores, um investimento do BNDES de R$ 250 milhões e a mesma quantia de investidores privados.

O plano dos funcionários atenderia a questão do fundo de pensão da Varig, o Aerus. Segundo uma estimativa da Apvar, a empresa deve R$ 900 milhões ao fundo. ?Mas a proposta do Fator pretende aplicar apenas R$ 600 milhões?, destacou o advogado da associação Paulo Calazans, que também afirma que há R$ 1,9 bilhão em dívidas trabalhistas, ainda sem uma determinação de quem vai pagar. Segundo Luciano Coutinho do Banco Fator, a nova empresa gerada pela fusão vai negociar este valor como os trabalhadores.

Calazans afirma que a liminar não muda nada e que a mobilização dos trabalhadores vai continuar. Vários parlamentares já apóiam o movimento, como senador Pedro Paim (PT ? RS), que coordenou o fórum. Ele pretende enviar uma carta de intenções ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que analise a proposta dos funcionários. ?Já conversamos também com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB ? AM) e com o da Câmara, Paulo Tadeu (PT-SP). Ambos se comprometeram a ouvir os trabalhadores e serem interlocutores com o governo?, completou o senador.

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