Câmara: Planalto teme um vexame com Severino

Brasília – Os números de votos potenciais foram contados e recontados nos últimos dias, mas os cinco candidatos que participam amanhã de uma das eleições mais disputadas e caras da história para a presidência da Câmara, estão, na verdade, às escuras. Nem o rolo compressor do governo dá ao candidato oficial do PT, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), e seus articuladores, segurança para a vitória no primeiro turno.

Todos falam em vitória e exibem números de votos que, somados, elevam em muito a composição de 513 deputados. Além da seqüela que será deixada no PT pela candidatura avulsa do deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), o governo teme o constrangimento de um segundo turno justamente com o azarão Severino Cavalcanti (PP-PE), o que mostraria a fragilidade da sua base aliada no Congresso.

Também participam da disputa o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA) e Jair Bolsonaro (PFL-RJ), apenas para marcar posição. O PFL deve apoiar Greenhalgh no segundo turno. E os votos de Bolsonaro não deverão fazer diferença.

Até agora, os dirigentes do PT se recusam a falar em punição para Virgilio, que manteve a candidatura apesar dos apelos até do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas a crise aberta no PT pela disputa com Greenhalgh não passará em branco depois de segunda-feira.

"O deputado Virgílio Guimarães fez uma opção e terá que responder por ela. Construiu um caminho sem volta. Depois da eleição, ele vai ter que resolver a vida dele. Como na decisão por essa candidatura, o futuro dele é ele quem decide daqui pra frente", diz o líder do governo na Câmara, Professor Luizinho(PT-SP).

O novo líder da bancada do PT na Câmara, Paulo Rocha (PA), amigo de Virgílio, lamenta que ele tenha insistido nesse caminho. Rocha diz que a candidatura avulsa, sem o aval partidário, prestou um desserviço ao estimular a oposição ao governo Lula no Congresso, e a valorização da enxurrada de candidatos avulsos para todos os cargos, fragilizando as instituições partidárias. "Os movimentos que ele fez colocam em xeque relações partidárias e disciplinares, relações de governabilidade e até as de amizade que existiam na bancada", lamenta Paulo Rocha.

Virgílio causou grande estrago

Brasília – Além de abrir uma crise interna no PT, a candidatura de Virgílio Guimarães chegou a ameaçar a eleição de Luiz Eduardo Greenhalgh, ao aglutinar ao seu redor os insatisfeitos com o governo e os ruralistas, que não engolem o ex-advogado do MST. Greenhalgh vive dias tensos antes da eleição. Sabe que a situação não é tão confortável, mas confia no respeito à tradição e às regras partidárias. "No inicio, Virgílio era um dos nomes que o plenário esperava. Quando veio o meu nome, foi uma surpresa.

Comecei a campanha em velocidade zero, quando ele (Virgílio) já estava embalado, fazendo jantares e arrebanhando apoios", afirma Greenhalgh, acrescentando: "Eu faço análises da situação todos os dias e concluo que nada está ganho, não". Amigos de Virgílio asseguram que ele não desistirá de sua candidatura avulsa por vários motivos. Um deles é que já passou o tempo de fazer isso. Mas o maior de todos é a grande mágoa de Virgílio em relação ao processo de escolha dos candidatos da bancada. Nos bastidores, ele continua culpando o presidente do PT, José Genoino, por modificar as regras do processo para garantir a escolha de Greenhalgh. O combinado era que a escolha ocorreria em dois turnos de votações no mesmo dia.

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