Brasil negociou vacina da febre amarela com OMS

Enquanto o governo federal insistia em que não havia por que se alarmar em relação à febre amarela no País e que o estoque de vacina contra a doença era suficiente, nos bastidores autoridades do Ministério da Saúde estavam negociando havia quase um mês a importação do produto para atender à população.

Ontem, nota da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que ?no dia 18 de janeiro, o Ministério da Saúde do Brasil submeteu um pedido para um empréstimo de 4 milhões de doses adicionais da vacina dos estoques de emergência global administrados pelo Grupo de Coordenação Internacional sobre o Controle de Febre Amarela?. O carregamento teria como objetivo ?completar os níveis exigidos de estoques de vacina para permitir uma campanha de vacinação de emergência?.

Naquela mesma semana, representantes do governo estiveram em Genebra para uma reunião na OMS. Mas ainda garantiam que o País tinha capacidade para produzir o suficiente e atender a população. O presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Paulo Buss, assegurou na época que a instituição poderia produzir 40 milhões de doses de vacina se fosse necessário e estaria preparada para seguir essa estratégia se o número de casos de contágio se multiplicasse.

Exportações suspensas

Já no dia 22 de janeiro, representantes do Brasil estiveram reunidos com a diretora-geral da OMS, Margaret Chan. Segundo o relato das autoridades brasileiras, tratava-se apenas de um encontro para que ela ficasse a par dos preparativos do Brasil para lidar com a febre amarela. Mas, segundo a OMS, o País interrompeu a exportação de vacinas contra febre amarela, o que preocupou a agência de Saúde da ONU. O Brasil é um dos três centros de produção de vacinas contra a doença em todo o mundo.

Ontem, o Ministério da Saúde informou por meio de sua Assessoria de Imprensa que o discurso foi de que não haveria falta de vacina. A pasta disse ainda nunca ter informado que a produção nacional seria suficiente para o País. De acordo com o ministério, a Fiocruz ?não é porta-voz do estoque nacional?. Entre janeiro e fevereiro, a produção total de vacinas da Fiocruz ficará em 14 milhões de doses. O esquema especial montado pela instituição – que suspendeu as linhas de produção de vacinas contra rubéola e caxumba para concentrar esforços na imunização da febre amarela – deverá durar até meados de fevereiro. A previsão inicial era de que a produção fosse normalizada logo após o carnaval.

A OMS informou ontem que já entregou as 4 milhões de vacinas solicitadas pelo governo brasileiro. Em sua nota, a OMS alerta também que o surto teve ?proporções relevantes? – atingindo no total 80 municípios brasileiros em 2007, além de outros 23 entre dezembro e janeiro. O texto cita ainda as 13 mortes por febre amarela.

As informações são do jornal O Estado de S.Paulo

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