Brasil negocia para ser doador internacional de medula

O Brasil está próximo de fechar um acordo com os Estados Unidos para passar a integrar o banco internacional de doadores de medula óssea. O País já tem acesso aos cadastros de outros países. A parceria possibilitará que pacientes norte-americanos tenham mais chance de encontrar um doador compatível, já que o banco de dados dos EUA crescerá em cerca de 620 mil potenciais doadores, os brasileiros. Esta semana, quatro pesquisadores do Programa Nacional de Doação de Medula (MNDP, em inglês) vieram ao Rio de Janeiro para visitar o sistema de doadores do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e amanhã poderá ser anunciada alguma posição em relação ao acordo.

Segundo a assessoria de imprensa do Inca, órgão que gerencia o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), quando um paciente brasileiro não encontra doador ao cruzar seus dados com o perfil genético dos doadores cadastrados no País, ele pode buscar doadores em uma lista formada pelos bancos estrangeiros, incluindo o norte-americano, o maior do mundo, com cerca de 6 milhões de cadastros, interligados a pelo menos mais 3 milhões de outros países, os chamados doadores cooperativos. O acordo permitirá o inverso. O Brasil vai se tornar um doador cooperativo no cadastro dos EUA, ao qual outros países têm acesso.

De acordo com o Inca, com os brasileiros, norte-americanos, principalmente os de origem latina, terão mais chances de encontrar um doador de medula óssea, o que é muito difícil, já que há a necessidade de 100% de compatibilidade do tecido com a pessoa doente para a realização do transplante. Caso contrário, a medula é rejeitada. Por isso, é muito comum transplantes entre irmãos ou parentes próximos.

Incentivo

O Redome cadastra por mês entre 15 mil e 20 mil pessoas como potenciais doadores de medula óssea. Porém, não foi sempre assim. O sistema foi criado em 1993 e passou a ser gerenciado pelo Inca em 1998. Até o final de 2004, quando começou a campanha para incentivar a doação, havia apenas 80 mil registros de acordo com o órgão. Desde então o total de cadastros do Redome aumentou e hoje é de 628.981. A meta do Ministério da Saúde é de 1 milhão de doadores até 2011.

O total de transplantes também aumentou. Conforme os dados do Inca, em 2004 foram realizados 67 transplantes não-aparentados, os que utilizam doadores voluntários e não familiares dos pacientes. No ano passado, foram 135 transplantes.

Para se registrar no banco de dados a pessoa deve procurar o hemocentro de sua cidade, onde terá uma amostra de 10 milímetros de sangue recolhida. O sangue, então, é submetido a um teste de histocompatibilidade (HLA), que identifica um conjunto de genes localizados no cromossomo 6. Esses genes devem ser compatíveis com o do doente para que o transplante seja feito. Para o cadastro no hemocentro é necessário apresentar um documento de identidade. Todo o processo para o doador é grátis.

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