Barco de Alckmin aderna. Tripulação entra em pânico

Foto: Agência Estado

Alckmin: ser ou não ser agressivo, eis a questão!

Um dia depois do bate-boca entre os dirigentes do PSDB e do PFL por causa do fraco desempenho nas pesquisas de opinião do candidato tucano à Presidência da República, Geraldo Alckmin, os chamados "bombeiros" saíram ontem a campo para reduzir a crise. O próprio presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), que na quarta-feira atacara o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), procurou na mesma noite o senador José Jorge (PFL-PE) para tentar pôr um fim aos desentendimentos. Jorge é o candidato a vice.

Ontem pela manhã, o líder tucano na Câmara, deputado Jutahy Jr. (BA), foi atrás do coordenador da campanha de Alckmin, senador Sérgio Guerra (PE), para falar de um eventual tratado pela paz. Não o encontrou em seu gabinete. Ficou sabendo que Guerra estava na Comissão de Relações Exteriores. Foi até lá, o puxou para um canto e falou da necessidade que todos têm de parar o bate-boca. Depois, procurou o líder Rodrigo Maia. Disse que era hora de os ânimos serenarem, porque, divididos, podem ser mais inferiorizados nas próximas pesquisas eleitorais.

Rodrigo Maia havia dito que a culpa pela oscilação negativa do candidato tucano à Presidência não era de Alckmin, mas "da coordenação, do Tasso". Em resposta, Jereissati atacou o deputado e o pai, o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia. "Quando o garoto fala, só vale quando o papai confirma." Em defesa dos Maias o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) contra-atacou. "Ouvi, no Mato Grosso, que a canoa afunda pela água de dentro. A de fora a sustenta. A água de dentro é o PSDB; a de fora, o PFL."

O líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), era um dos que tentavam serenar os ânimos. "Foram desabafos. Mas não devem mais acontecer. Não há mais a mínima condição de manter esse tipo de coisa nas nossas conversas", afirmou. Depois, lembrou que ao conceder uma entrevista, hoje, César Maia havia reduzido o tom de suas críticas ao PSDB.

A crítica pública do PFL ao PSDB e ao candidato Alckmin pode até ser reduzida para que os ânimos não se exaltem na coligação. Mas os pefelistas querem mudanças no comportamento do candidato Alckmin. Eles acham que ele tem de ser muito mais agressivo contra o governo e contra o PT, que tem de fazer denúncias, falar em corrupção, partir para o ataque. "É preciso acentuar a conseqüência política no tom do que é falado", disse Agripino Maia.

Na realidade, tudo isto acontece porque o PSDB escolheu Alckmin candidato e não José Serra. Apesar de reiterar seu apoio a Alckmin, Cesar Maia o criticou, dizendo que "não sai competitivo, como sairia o (José) Serra" (ex-prefeito de São Paulo, que perdeu a indicação para ser candidato do PSDB). " Alckmin não é Fernando Henrique", ironizou. "Não se trata aí de uma personalidade internacional, que em função disso produz um quadro suprapartidário em torno de si mesmo.?

O prefeito voltou a exigir que os dois partidos montem, mais que uma coligação, uma "concertação"- como a que une democratas-cristãos e socialistas no Chile -, com maior participação pefelista no governo. E descartou que o PFL volte a ocupar uma posição de coadjuvante do PSDB, como no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). "Ou seja, estamos na garupa para viabilizar a eleição e ganhar uns três ministérios, não sei quantas diretorias, ser traído", declarou.

Conselho político da campanha se reúne

Agência Senado
José Jorge: divergências.

Brasília (AE) – O pré-candidato do PSDB à presidência da República, Geraldo Alckmin, vai presidir, na próxima terça-feira, a primeira reunião do conselho político da campanha, integrado por 12 pessoas entre tucanos e pefelistas. A divergência interna em torno da política de alianças será um dos principais assuntos da agenda, mesmo porque Alckmin e o seu candidato a vice-presidente, senador José Jorge (PFL-PE), manifestaram ontem posições antagônicas sobre uma eventual composição com o PPS e PDT.

"Se depender de mim o PPS ficará junto", disse Alckmin, defendendo uma aliança, já no primeiro turno, com o partido do deputado Roberto Freire. A expectativa com o PDT é mais remota, uma vez que o senador Cristovam Buarque (DF) já lançou sua candidatura. Na contramão de Alckmin, José Jorge compartilha da posição do prefeito do Rio de Janeiro, César Maia. Para ele, a estratégia correta é outra: com um número maior de candidatos em outubro, a disputa poderá ser levada para o segundo turno.

Pelo raciocínio de José Jorge, seria importante a manutenção da candidatura de Roberto Freire para o Planalto. Um argumento é de que ele ajudaria no enfrentamento ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo seu estilo agressivo ao PT. No entanto, Geraldo Alckmin pensa diferente. "Quanto mais fortes estivermos será melhor", disse, afirmando ser essa também a posição do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).

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