?Banco paralelo? desviou R$ 2,5 bilhões

A Receita Federal e a Polícia Federal desarticularam hoje na Região Sul duas redes ilegais de câmbio e remessas internacionais de divisas. A quadrilha, segundo a Receita, também dava suporte logístico a esquemas de fraudes em importações.

Cerca de 600 policiais federais e 170 auditores fiscais da Receita realizaram pela manhã buscas em mais de 100 residências dos envolvidos, sedes de instituições, escritórios de doleiros, empresas ligadas aos esquemas e seus principais clientes, entre estabelecimentos comerciais e industriais, alguns de grande porte, em mais de 20 cidades de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul e do Paraná.

Segundo informações da Receita, em Brasília, na operação estão sendo cumpridos dezenas de mandados de prisão temporária ou preventiva de operadores dos esquemas, seus principais empregados e pessoas ligadas à quadrilha, além de clientes envolvidos em fraudes com importação e evasão cambial. Uma centena de contas bancárias identificadas nas investigações e utilizadas pelos esquemas nas suas atividades ilícitas deverão ser bloqueadas por decisão judicial.

As sedes principais destas duas redes financeiras clandestinas eram em Jaraguá do Sul (SC) e Porto Alegre (RS). Embora fossem independentes, as duas redes atuavam em conjunto, uma cobrindo operações da outra, diariamente, seja na compra ou na venda de moeda estrangeira. De acordo com a Receita, o esquema funcionava com um sistema de compensação, de reciprocidade e de confiança mútua, que também se estendia para outros doleiros de menor poder econômico e operacional. Eles também foram alvos da investigação.

No Paraná, empresa de pneus pertencia ao superesquema

Mara Andrich

A operação Ouro Verde tinha uma ramificação no Paraná. Policiais e fiscais cumpriram um mandado de busca e apreensão na empresa de pneus Cronnus, localizada em Araucária, Região Metropolitana de Curitiba. No local foram apreendidos cinco computadores e diversos documentos que mostram a movimentação fiscal da empresa. Ninguém foi preso no Paraná.

De acordo com a PF, a Cronnus é suspeita de ter praticado diversos delitos, como sonegação fiscal, fraude e subfaturamento, e pode ser uma das 30 ?clientes? da organização criminosa. A polícia acredita que a Cronnus também enviava dólares para a agência de turismo Roger Tur, localizada em Jaraguá do Sul (Santa Catarina), que era o local que intermediava as transações ilegais de envio de dinheiro para o exterior. Ainda segundo a PF, os chefes do bando e proprietários da Roger Tur são Rogério Gonçalves e Clóvis Gonçalves.

Ainda não se sabe exatamente desde quando a empresa de turismo Roger Tur estaria realizando as transações ilegais, mas as investigações da PF e da Receita Federal iniciaram em novembro de 2005.

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