Assessor de Palocci depõe hoje na CPI

Brasília (AE) – O chefe de gabinete do ministro Antônio Palocci, Juscelino Dourado, depõe hoje na CPI dos Bingos no Senado sobre uma série de indícios que indicariam seu suposto envolvimento com a chamada ?máfia do lixo?. O relator da comissão, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), lembra que Juscelino é citado várias vezes nas conversas do advogado Rogério Buratti com pessoas ligadas ao esquema. Na gravação dos diálogos, como identificou o Ministério Público, ele é tratado por ?chefe de gabinete?, ?J? e mesmo pelo primeiro nome.

Buratti valeu-se da alegação de que foi padrinho de seu casamento para explicar o fato de tê-lo visitado no Ministério da Fazenda. Em nota à imprensa, Juscelino Dourado disse que em dois anos e meio recebeu o amigo nove vezes no gabinete.

Ele deu a informação após a aprovação de requerimento do senador Romeu Tuma (PFL-SP) pedindo a lista de pessoas que tiveram acesso ao ministério pelo elevador privativo. Garibaldi acredita que, no depoimento, Juscelino vai tentar proteger o ministro Palocci. ?A não ser que haja uma coisa inesperada?, alegou. Para o relator, previsões como esta mostram a necessidade de a CPI dispor de dados sigilosos dos depoentes antes de ouvi-los. O de Juscelino Dourado deve ser quebrado hoje.

Gianelli

A CPI também espera ouvir hoje o depoimento do advogado do escritório da Fischer& Foster, Enrico Gianelli, que atendia a multinacional Gtech quando da renovação do contrato das loterias da Caixa Econômica Federal (CEF). Ele está sendo convocado pela quarta vez. Uma de suas ausência se deu mediante a obtenção de uma liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, desobrigando-o de atender à comissão.

Nas outras ocasiões, Gianelli só avisou que não compareceria em cima da hora, alegando compromisso inadiável na agenda e problemas no vôo. Ele está em Brasília desde ontem. Se atender à convocação, deve pedir para falar a portas fechadas como forma de preservar sua imagem. Caso o seu compromisso de contar o que sabe não convença, os senadores devem rejeitar a solicitação. Até porque, o atendimento implicaria em levar em consideração um depoente cujo descaso com a CPI ultrapassou tudo o que se viu até agora.

Se Enrico Gianelli faltar mais uma vez, o presidente da comissão, senador Efraim Morais (PFL-PB), disse que será obrigado a ?cumprir com a lei?. Isso quer dizer que o advogado será conduzido à CPI por agentes da Polícia Federal. ?Por precaução, pedi que ele próprio assinasse a convocação?, informou o senador.

Dirigentes da Gtech acusam Gianelli de intermediar o pedido de extorsão feito por Rogério Buratti na renovação do contrato. Ele é ainda citado como um dos patrocinadores do esquema para esconder o dinheiro da extorsão.

Segundo Buratti, os R$ 5 milhões – pagos a outros e não a ele – teriam sido depositados no escritório de advocacia MM Consultoria, de Belo Horizonte.

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