Amorim diz que Brasil só vai intervir na crise boliviana se Morales pedir

  Antônio Cruz / ABr
Antônio Cruz / ABr

O ministro Celso Amorim disse que líderes da oposição boliviana querem ajuda para resolver a crise política
no país vizinho.

Cochabamba (Bolívia) – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, confirmou ontem (9) que líderes da oposição boliviana querem ajuda do Brasil para resolver a crise política no país vizinho. Disse que eles procuraram a delegação brasileira na 2ª Cúpula Sul-Americana de Nações para pedir encontros com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou sua intervenção junto ao líder boliviano, Evo Morales.

Amorim afirmou que faltou tempo para tais encontros por causa dos compromissos de Lula na Cúpula. Mas frisou que qualquer reunião desse tipo só poderia ser feita se o governo boliviano achasse conveniente. ?O diálogo tem que ser essencialmente entre bolivianos?.

O chanceler rechaçou a comparação da situação boliviana com a venezuelana quatro anos atrás, quando o Brasil articulou a criação do Grupo de Amigos para a Venezuela e enviou um navio de petróleo para Caracas quando o país vivia uma crise de desabastecimento ? esta última medida foi tomada em conjunto com o então presidente Fernando Henrique Cardoso, durante o governo de transição.

A relação entre as duas situações foi sugerida por um jornalista. Amorim disse que seria ?avançar o sinal? fazer uma comparação do tipo, porque a Venezuela viveu um golpe de Estado, o que não é o caso boliviano, onde há mecanismos próprios para que exista diálogo, segundo ele.

A Bolívia enfrenta uma crise política nas últimas semanas. Líderes da oposição estão em greve de fome para exigir que, na Assembléia Constituinte, seja seguida a regra de que reformas constitucionais precisem de dois terços dos votos para ser aprovadas. O partido do presidente Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS), que ocupa 51% das cadeiras da Assembléia, defende a maioria absoluta.

Os manifestantes da direita estão sendo atacados por militantes que apóiam o governo e prédios públicos nacionais estão sofrendo depredações em Santa Cruz, cidade do oeste da Bolívia que é um dos mais fortes focos de oposição ao governo.

Ao final da entrevista concedida a jornalistas brasileiros, Amorim também falou brevemente sobre outro encontro bilateral que Lula manteve hoje, com a presidente do Chile, Michelle Bachelet. Ele disse que a reunião retoma uma antiga aliança e que os líderes concordaram que a ?intensidade do diálogo? entre eles precisa corresponder ao ?grau de afinidade? entre os dois países. O chanceler também anunciou que Lula deve visitar o Chile em abril.

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