Aliança entre Brasil e Índia salva G-20

Foto: Arquivo/O Estado

Ministro indiano Kamal Nath e Celso Amorim: acordo no Rio.

A reunião do G-20 começou ontem com claros gestos em favor da aliança Brasil e Índia, os líderes deste grupo de países em desenvolvimento concentrado na obtenção de um resultado ambicioso na negociação agrícola da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) e da coesão dentro do próprio agrupamento. Minutos antes da abertura do encontro, em um hotel de Copacabana, a recente desavença germinada entre os dois países foi dissolvida pelo ministro de Comércio da Índia, Kamal Nath, que desautorizou declarações de seu subordinado Jairam Ramesh.

Em seu discurso o chanceler brasileiro, Celso Amorim, fez questão de tocar no ponto que mais opõe Índia e Brasil nas discussões sobre liberalização agrícola e assinalou uma alternativa de acerto. ?Claro que há unidade no G-20. Todos nós viemos de várias partes do mundo para esta reunião. Nós demonstramos a nossa unidade e insistimos na manutenção da dimensão do desenvolvimento desta rodada?, afirmou Nath, pouco antes da abertura do encontro. ?Creio que houve um equívoco. Brasil e Índia são aliados, há grande sinergia entre os dois países e forte complementaridade entre suas economias. Mas não há competição?, acrescentou, ao ser questionado sobre as declarações de Ramesh.

Enquanto Nath falava à imprensa, o ministro Amorim teve o cuidado de deslocar-se do ponto oposto da sala de reuniões para cumprimentá-lo. Nath estava estrategicamente colocado bem na frente dos fotógrafos. Com esse gesto, o chanceler brasileiro tentou igualmente mostrar que ambos estão afinados e que o constrangimento das declarações de Ramesh estava superado.

Durante entrevista esta semana, Ramesh havia declarado que é ?ingênuo? pensar que Índia e Brasil possam ser aliados, uma vez que competem em diferentes áreas industriais. Essa posição foi repercutida com destaque pelo jornal indiano Indian Express.

Em seu discurso, Amorim teve o cuidado de mencionar que o G-20 reconhece a ?especificidade? das exceções nas ofertas de abertura de mercados agrícolas e a necessidade de manter as salvaguardas agrícolas para países em desenvolvimento. Esse recado apaziguador foi endereçado principalmente para a Índia e os países do G-33, outro grupo de economias em desenvolvimento presente ao encontro, cujo objetivo é manter mecanismos de proteção à agricultura de subsistência.

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