Aliados e oposição atrás do dinheiro

Arquivo / O Estado

Antônio Palocci: dez senadores procuraram o ministro atrás de verbas.

Brasília – Com o governo enfraquecido pela crise política, senadores de partidos aliados e de oposição aproveitaram para pressionar a equipe econômica pedindo recursos para obras em estados e municípios em troca do desbloqueio da pauta de votação no Senado. Depois de cerca de duas horas de reunião com dez senadores, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, se comprometeu a liberar recursos do orçamento para garantir a conclusão dos metrôs de Recife, Salvador, Belo Horizonte e Fortaleza e para atender municípios em situação de calamidade por conta das enchentes e da seca no Nordeste.

De acordo com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal, a equipe econômica deverá definir, nos próximos dez dias, junto com governadores e prefeitos, o montante de recursos necessários para as obras do metrô e quanto virá do Orçamento da União, como contra-partida do governo federal para obtenção de financiamentos junto ao Banco Mundial.

Portugal informou que as obras que receberem aval da Fazenda serão incluídas no projeto-piloto, que o governo brasileiro tem com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Os recursos, neste caso, ficarão fora da contabilidade do esforço fiscal e não estão sujeitos a contigenciamento. ?Há a possibilidade de recursos serem liberados ainda este ano, mas estamos começando a discutir agora. Entraremos em um entendimento com o Ministério das Cidades, responsável pelas obras, para fechar uma proposta?, disse.

Como em muitos casos estas obras estão paradas e há falta de recursos, o governo exigiu que fossem eleitas prioridades que possam reduzir custos e viabilizar a conclusão das obras dentro de um cronograma a ser negociado. Além disso, a União quer a transferência da administração dos metrôs para os estados e municípios. A área econômica também se comprometeu a definir até amanhã o montante de recursos que será liberado para os municípios que enfrentam situação de calamidade pública.

Os recursos viriam do Orçamento da União e seriam liberados por meio de medida provisória. A estimativa do líder do PFL, José Agripino Maia (RN) é de que seriam necessários menos de R$ 100 milhões. Aparentemente, conforme relato dos senadores em entrevista coletiva no Ministério da Fazenda, a reunião com Palocci foi em tom conciliador. No entanto, os discursos ficaram mais ásperos com a chegada dos parlamentares no Senado. ?Esse governo só atende com afronta. Se for um discurso ?na maciota? não vamos ter nada?, disse Agripino Maia horas depois em discurso na Comissão de Agricultura. ?Não estamos tão confiantes (na liberação de dinheiro) mas só retomaremos as votações com essa garantia?, reforçou o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), ressaltando que o governo está mais preocupado com o ajuste fiscal do que em resolver os problemas como dos metrôs e dos municípios.

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