Brasil tenta obter da UE maior acesso ao mercado agrícola

Atento ao prazo exíguo para a conclusão da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), o governo brasileiro espera obter neste final de semana da União Européia (UE) um movimento em direção a maiores concessões na área de acesso a mercados agrícolas suficiente para destravar as negociações. Entre sexta-feira e domingo, no Rio de Janeiro, negociadores brasileiros, europeus e americanos vão se reunir para mais um esforço de aproximação de suas posições, sob a observação do diretor-geral da OMC, Pascal Lamy.

O encontro foi motivado pela visita do comissário da União Européia do Comércio, Peter Mandelson, ao Brasil entre os dias 29 de março e 2 de abril. Sem resposta a seu pedido de audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Mandelson cancelou a estadia em Brasília, no dia 31. Seguirá de São Paulo para o Rio de Janeiro, onde enfrentará as expectativas do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e do representante dos Estados Unidos para o Comércio, Rob Portman. Em dezembro passado Mandelson havia acusado Amorim e Portman de formarem "uma gangue", ao se referir à aliança de ambos contra posição européia sobre agricultura.

"A União Européia argumenta que já chegou próximo ao seu limite no capítulo de acesso a mercados agrícola e quer negociar esse tema produto a produto", afirmou o diretor-geral do Departamento Econômico do Itamaraty, ministro Roberto Azevedo. "Precisamos de um movimento mais profundo dos europeus nesse campo e também de mais clareza nas suas propostas, para que possamos dimensionar o que vamos conceder em termos de abertura dos setores industrial e de serviços", completou.

Desde a Conferência Ministerial da OMC em Hong Kong, em dezembro passado, houve dois encontros entre os ministros de Comércio dos principais países da OMC, além de teleconferências. O Brasil e a Índia participaram de todos, como líderes do G-20, o grupo de economias em desenvolvimento que exige uma ampla abertura do setor agropecuário, a eliminação de subsídios à exportação do setor e uma redução substancial das subvenções internas aos agropecuaristas. Nesses encontros, ressaltou Azevedo, houve movimentos pequenos e incrementais. Mesmo o difícil consenso em relação a certos princípios não se refletiu em propostas concretas.

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