Brasil quer abertura para serviços agrícolas

O Brasil não quer só exportar produtos agrícolas, mas também seu know-how no campo, veterinários, agrônomos e rede de distribuição de alimentos. O Itamaraty, juntamente com a Argentina, preparará uma iniciativa na Organização Mundial do Comércio (OMC) para pedir que os países ricos abram seus mercados a esses serviços agrícolas.

Essa seria a primeira vez que tal proposta entraria na agenda das negociações. A idéia do governo, porém, é a de conquistar não apenas os mercados com soja, algodão, café, carnes ou cacau, mas também abrir oportunidades para que os especialistas do País consigam vistos de trabalho para atuar no exterior. Nos últimos anos, o governo vem utilizando a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) como verdadeiro instrumento diplomático do País para fechar acordos de cooperação para o desenvolvimento agrícola em outros países.

Outra parte da proposta incluiria o serviço de distribuição de alimentos. Na avaliação do governo, não são apenas as tarifas e subsídios tornam difícil a entrada de produtos agrícolas nacionais nos mercados ricos, mas também a atual estrutura de distribuição. A idéia não é ainda exportar serviços de supermercados brasileiros, mas conseguir uma abertura dos mercados dos países ricos para que os serviços de distribuição sejam mais competitivos. Isso poderia proporcionar uma abertura maior para produtos mais baratos, como os exportados pelo Brasil. Segundo Brasília, a proposta ainda está sendo elaborada e não foi ainda finalizada para ser entregue aos países ricos.

Hoje, porém, o governo se une a outros países emergentes para pedir às economias ricas que facilitem a entrada de profissionais de outras áreas fora da agricultura para trabalhar nos mercados desenvolvidos. A proposta faz parte das negociações para a liberalização dos serviços.

A idéia de pressionar por uma abertura do mercado de trabalho está sendo liderada pela Índia, que há anos "exporta" seus técnicos em informática e cientistas. Agora, esses países querem maiores facilidades para que profissionais das várias áreas possam ser contratados por empresas dos países ricos e prestar serviços no exterior. Na avaliação do governo brasileiro esse fenômeno já existe. Mas uma liberalização dos mercados na OMC evitaria os casos de imigração ilegal e os trabalhadores passariam a ter direitos de que hoje não dispõe.

Já o governo americano deixa claro que essa proposta não teria grandes possibilidades de prosperar, já que vários países desenvolvidos estariam limitando cada vez mais a possibilidade de entrada de estrangeiros diante da situação econômica e do nível de desemprego de vários mercados. Outro argumento é a luta contra o terrorismo, que também estaria dificultando qualquer flexibilidade nas leis de imigração dos Estados Unidos.

Apesar de não gostar da proposta dos países emergentes, Washington não esconde que quer a abertura do mercado brasileiro para pelo menos dez setores, entre eles o de serviços de energia telecomunicação e financeiro.

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