Brasil estréia com obrigação de chegar à final

Chico Buarque de Hollanda adora futebol, bate uma bolinha com regularidade e já homenageou o esporte favorito dos brasileiros em várias de suas obras-primas. O genial autor, agora, serve de referência para o que Carlos Alberto Parreira pretende da seleção em mais uma aventura na Copa das Confederações, a partir do duelo desta quinta-feira contra a Grécia, no Zemtrunstadion, em Leipzig. O treinador avisa que desta vez o time campeão do mundo não veio à Alemanha passear, não exercerá papel secundário e não está disposto a ficar parado "e ver a banda passar".

Um Brasil protagonista é tudo o que Parreira deseja ver em ação, de preferência já diante dos atuais campeões europeus. Mas, nos dias que antecederam à estréia (as 20h45 locais, 15h45, de Brasília), dividiu-se em movimentos de morde-e-assopra. Ao mesmo tempo em que estimula a auto-estima nacional, ao dizer que a seleção precisa assumir sua condição de favorita a títulos, trata de ressaltar a diferença entre uma Copa das Confederações e a Copa do Mundo.

"Uma coisa não é outra", avisou nesta quarta-feira, pela enésima vez na semana. "Pode parecer redundante, mas tem de ficar claro que a Copa das Confederações serve como fase de observação, mas não é um Mundial", reforçou. "Os adversários em princípio não são os mesmos, o clima não é o mesmo, embora a sede, sim, seja a mesma. Se o torcedor entender isso, também a cobrança será menor." A observação faz sentido e lhe serve de escora para eventuais tropeços.

Parreira, no entanto, não acredita em frustração semelhante à de 2003, na França, quando o time sob seu comando não passou da primeira fase. "Nossa obrigação, nossa intenção, é a de chegar à final", frisou. "Porém, mais importante do que isso é sabermos utilizar os próximos jogos para chegarmos à formação ideal, aquela para levar para o Mundial."

Para tanto, Parreira fará observações. Cicinho, Gilberto Léo devem ser os mais testados, embora não esteja afastada a possibilidade de analisar opções como Maicon (que chegou nesta quarta do Brasil, para o lugar de Belletti), Ricardo Oliveira no ataque, assim como o sistema com quatro jogadores ofensivos entre o meio-campo e o ataque.

Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Robinho se deram bem contra o Paraguai, não funcionaram como se previa diante da Argentina e estarão sob o crivo do técnico nestas duas semanas, desde que o time passe a fase inicial.

Parreira não acredita em surpresas táticas na Copa das Confederações, a começar da Grécia. "No ano passado, ela foi surpresa, ao vencer a Eurocopa", recordou. "Agora, não. Não se trata de um time com craques, mas tem vários jogadores de bom nível e ótimo conjunto." O treinador também não promete revolucionar o sistema de jogo de sua equipe, mas como convém nessas ocasiões diz que poderá mostrar algo novo. Tomara, pois o ensaio-geral para o Mundial começa nesta quinta, queria ou não Parreira.

Ficha Técnica: Brasil x Grécia.

Brasil: Dida; Cicinho, Lúcio, Roque Júnior e Gilberto; Émerson, Zé Roberto, Kaká e Ronaldinho Gaúcho; Robinho e Adriano. Técnico: Carlos Alberto Parreira.

Grécia: Antonios Nikopolidis; Giourkas Seitaridis, Mihalis Kapsis, Ioannis Goumas, Panagiotis Fysas; Angelos Basinas, Stylianos Giannakopoulos, Georgios Karagounis, Theo Zagorakis; Angelos Charisteas, Zisis Vryzas. Técnico: Otto Rehaggel (ALE)

Árbitro: Lubos Michel (ESL)
Local: Zemtrunstadion de Leipzig.
Horário: 15h45 (de Brasília).

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