Brasil é campeão em juro mesmo com a Selic em 13,25%

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) encerra hoje a sua última reunião do primeiro mandato do governo Lula numa situação bem mais confortável do que a que vigorava no primeiro encontro realizado na gestão do petista, em 22 de janeiro de 2003. A inflação projetada para o ano que vem está abaixo da meta e a taxa básica de juros (Selic), em termos nominais, é a menor da história do País.

Em compensação, o juro real (que considera a Selic descontada da inflação projetada para os próximos 12 meses) ainda é o mais elevado do planeta. Mesmo que o Copom reduza a Selic em 0,50 ponto porcentual hoje, para o nível nominal de 13,25% ao ano – aposta majoritária do mercado -, o juro real brasileiro será de 8,7% ao ano.

No início de 2003, as projeções do mercado apontavam uma alta de 12,3% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no acumulado do ano. Hoje, a estimativa dos especialistas para 2007 é três vezes menor: 4,1%. O IPCA é o índice utilizado pelo governo para balizar o sistema de metas de inflação – atualmente a meta é de 4,5%, com margem de erro de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo.

Para analistas, o sucesso do BC comandado por Henrique Meirelles no combate à inflação é inegável. "O BC conseguiu organizar as expectativas de inflação e colocou-a abaixo da meta", diz Marcelo Salomon, economista-chefe do Unibanco.

"O BC obteve conquistas importantes ao longo dos últimos quatro anos. Quando assumiu, havia uma crise de confiança provocada pela proximidade da eleição presidencial, que fez subir o dólar e, conseqüentemente, a inflação", completa Alexandre Bassoli, economista-chefe do HSBC.

Outros especialistas não negam a importância do BC no processo de desinflação do País, mas argumentam que o custo dessa política foi elevado demais. "O BC exagerou a dose na definição dos juros, o que reduziu o crescimento nos últimos anos", critica Jason Freitas Vieira, economista-chefe da Uptrend Consultoria Econômica. "A inflação não precisa ficar abaixo da meta.

Para Salomon, o juro real no Brasil é alto por questões estruturais e não por causa dos profissionais que estão no BC. "O juro real é o espelho do crescimento potencial do País", observa. "Se o BC sanciona um crescimento maior que esse potencial, acelera a inflação." Nos cálculos dele, o Brasil pode crescer entre 3% e 3,5% ao ano sem riscos inflacionários.

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