Brasil defende neutralidade no caso de Darfur

Ao mesmo tempo em que a Organização das Nações Unidas (ONU) apresentava ontem novas evidências do envolvimento do governo do Sudão na morte de parte das 200 mil vítimas na região de Darfur desde 2003, o Brasil afirmava na tribuna das Nações Unidas que não está na hora de ‘apontar culpados’ pelos massacres.

Os governos estão reunidos em Genebra nesta semana para lidar com aquela que é considerada a maior crise humanitária do mundo. Mas enquanto o bloco de países ocidentais aproveita a reunião para pedir que os responsáveis pelo massacre sejam investigados, o Brasil preferiu reivindicar que a comunidade internacional ajude as autoridades locais a lidar com o problema, em mais uma demonstração de que não está disposto a criticar um governo africano.

Uma resolução seria votada ontem pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU para enviar uma missão internacional ao país. Diante da falta de acordo, a decisão ficou para hoje. Os países ocidentais pedem o envio de relatores independentes. Os africanos querem o envolvimento político na missão.

O Brasil apresentou uma alternativa que até o começo da noite estava sendo negociada – previa o envio de relatores independentes, mas acompanhados por uma importante personalidade política a ser escolhida e que traria ‘equilíbrio’ aos resultados da investigação.

Dessa forma, o País espera lidar com a crise e manter um caráter político no debate. Para críticos da posição brasileira e mesmo segundo fontes no Itamaraty, a atitude tem uma relação direta com a política externa do governo de cooperação com os africanos. Há duas semanas, o Brasil evitou apoiar uma resolução da Europa na ONU que pedia que as autoridades do Sudão fossem investigadas pelas mortes. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizava uma viagem pela África na ocasião.

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