Brasil começa a adotar novas regras da AIEA

As Indústrias Nucleares do Brasil (INB) já começaram a adotar as novas regras de segurança recomendadas pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para as fábricas que detêm o ciclo do combustível nuclear. É a primeira empresa do mundo a implantar as normas. Uma equipe da agência encerra nesta terça-feira (8) a vistoria de 19 dias na fábrica da INB, em Resende, no sul fluminense. Os peritos e observadores integram a Missão Sedo (Avaliação de Segurança durante a Operação, na sigla em inglês).

Os seis peritos e dois observadores analisaram a operação, organização, proteção radiológica, tratamento de rejeitos e questão ambiental. A vistoria foi feita durante a operação para recarga do reator de Angra 1, desde a chegada do urânio enriquecido até o fechamento do elemento combustível, armazenagem e transporte. Em três meses, eles vão emitir o relatório, com as recomendações que devem ser seguidas. A INB tem, então, prazo de 18 meses para se adequar às novas regras. As normas definidas na visita serão estendidas para as outras fábricas do elemento combustível.

"É a primeira vez no mundo que a agência envia peritos para fazer completa avaliação do sistema de segurança das fábricas do ciclo do combustível nuclear. Não é uma inspeção, mas uma revisão de operação. A partir daí as empresas poderão comparar as boas práticas e trocar experiências", afirmou o chefe da missão, Pierre Nocture.

O Brasil foi o escolhido para receber a missão piloto porque concentra numa só área todas as etapas da fabricação do elemento combustível (pó, pastilha e montagem). A fábrica de enriquecimento, recentemente inspecionada pela AIEA, ficou de fora da Missão Sedo. As novas regras serão apresentadas pela agência em junho.

"É importante que fique claro a nossa preocupação com a segurança, principalmente no momento em que o tema da energia nuclear volta a ser discutido. Aceitamos o desafio porque, até hoje, nunca tivemos dificuldades para seguir as recomendações da agência ou da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear, órgão regulador", afirmou o diretor de Produção Nuclear, Samuel Fayad Filho.

As sugestões iniciais da agência começaram a ser implantadas já durante a missão. "O Brasil já requisitou outras missões como essa para os reatores das usinas. O País entendeu que a segurança nuclear nunca fica estável. Ela aumenta ou declina. E o Brasil fez opção clara por manter a segurança sempre em alta", afirmou Nocture.

Entre as recomendações, os técnicos da agência sugeriram melhores práticas para armazenagem dos rejeitos. "Eles já fazem isso pensando no futuro, prevendo o reaproveitamento do rejeito. Eles propõem, por exemplo, a separação de luvas e uniformes descartáveis, a identificação, a compressão", citou Fayad. O diretor afirmou que a INB já tem novo depósito de rejeitos, que está sendo licenciado.

Voltar ao topo