Bolívia insiste em reajustar gás exportado para o Brasil

O ministro dos Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, reforçou ontem (18) a posição de seu país pelo aumento do preço do gás exportado ao Brasil. O tema seria debatido em um encontro, à noite, entre os presidentes Evo Morales e Luiz Inácio Lula da Silva, em mais um sinal de que La Paz conta com o apoio de Lula para convencer a Petrobras, contrária a qualquer reajuste.

As discussões técnicas estão suspensas até abril, quando a Petrobras e a estatal boliviana YPFB se encontram, com perspectiva de novas propostas de investimentos brasileiros no país vizinho para ampliar o volume de exportações, que atualmente é de 30 milhões de metros cúbicos por dia.

A Bolívia pede a alta do preço do gás exportado pelo Gasoduto Bolívia-Brasil dos atuais US$ 4,30 para US$ 5 por milhão de BTU. Para o gás exportado diretamente para a Termocuiabá, em Mato Grosso, Villegas disse que vai pedir um aumento de US$ 1,09 para US$ 4,30.

Ele reconheceu que o reajuste poderia provocar alto repasse às contas de luz dos brasileiros, mas disse que ?isso é um problema interno? do Brasil. ?Como produtores de gás, não podemos pensar nisso.

Ilegal – Segundo o ministro, o contrato de fornecimento à usina Termocuiabá foi feito entre duas empresas privadas, o que é proibido pela legislação boliviana em vigor atualmente. ?Poderíamos tomar uma medida unilateral, mas, devido às relações fraternas com o Brasil e com o presidente Lula, preferimos uma solução negociada.

O tema já foi discutido com o governo brasileiro, que transferiu a negociação para as empresas signatárias dos contratos – Shell e Enron, donas da térmica, e Andina, vendedora do gás.

Villegas informou que os ministérios de Energia da Bolívia e do Brasil vão reunir no dia 31, no Rio, para discutir a construção das hidrelétricas Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia. Os bolivianos temem que as usinas, com capacidade para produção de 6 mil MW, cause danos ambientais na região.

O Fórum Boliviano sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento diz que as usinas reduzirão a velocidade das águas do Rio Madeira, elevando os níveis de seus afluentes, do lado da Bolívia, com prejuízos para a agricultura e disseminação da dengue e da malária. O projeto é considerado fundamental para o abastecimento de energia no Brasil a partir de 2010. As informações são de O Estado de S.Paulo.

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