Bolívia entra no Mercosul e Equador pode ser o próximo

Mesmo dividido por disputas internas entre os quatro sócios originais (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e com dificuldades para incorporar seu novo integrante, a Venezuela, o Mercosul decidiu levar adiante sua agenda expansionista e aprovou ontem, por consenso, o pedido de inclusão da Bolívia. A solicitação já havia sido apresentada no sábado passado pelo presidente boliviano, Evo Morales, a Luiz Inácio Lula da Silva.

Nos próximos meses, o Mercosul deverá avaliar pedido similar que o presidente eleito do Equador, Rafael Correa, prometeu a Lula formalizar depois de sua posse. Essas decisões foram tomadas ontem durante a 31ª Reunião do Conselho do Mercado Comum (CMC), instância do Mercosul que agrega os chanceleres e ministros de Economia.

A discussão deu-se num momento em que os chanceleres dos quatro sócios originais do Mercosul mostravam-se ainda engasgados com a declaração feita pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, durante a reunião de cúpula da Comunidade Sul-americana de Nações (Casa), em Cochabamba (Bolívia), no sábado.

Na ocasião, Chávez afirmara que o Mercosul ?não serve para nada? defendeu que a integração da região precisava de um ?viagra político? e, por fim, conclamou seus colegas: ?Enterremos nossos mortos, irmãos!?

Diante dessa posição embaraçosa, Amorim arriscou uma curiosa interpretação do apelo feito por Chávez. Na abertura da reunião do CMC, afirmou que o governo brasileiro o avaliara como ?o desejo de fazer avançar o Mercosul?, com respeito às conquistas realizadas e ?sem acomodação nem conformismo na busca de mais integração?.

Um dos principais negociadores argentinos concordou com Amorim. Ao Estado, ele avaliou a frase de Chávez como mais um de seus gestos histriônicos, mas com a ?boa intenção de impulsionar? o Mercosul.

Bolívia e Equador

Apesar do consenso dos chanceleres, o possível ingresso pleno da Bolívia e do Equador preocupa os chamados sócios menores do Mercosul.

Paraguai e Uruguai queixaram-se novamente na reunião do Conselho do Mercado Comum das dificuldades de seus produtos terem acesso livre aos mercados brasileiro e argentino e também dos prejuízos acumulados pelo fato de contarem com menor grau de desenvolvimento econômico.

A rigor, duas economias pequenas a mais no Mercosul significaria a divisão por quatro dos esforços minguados dos sócios maiores para diminuir as assimetrias econômicas. ?Deveríamos aprofundar o Mercosul em vez de trabalhar pela sua expansão. Temos ainda uma agenda interna muito complicada para lidar?, reclamou um dos principais negociadores paraguaios ao Estado.

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