Bolha indevassável

As denúncias sobre o uso abusivo dos cartões de crédito corporativos emitidos pelo Banco do Brasil e distribuídos a ministros de Estado (já cancelados) e altos servidores da administração federal, aí se incluindo o privilegiado enclave configurado pelo sistema de segurança pessoal e familiar do presidente da República, apesar de respingarem negativamente sobre o que se chama de ?imagem? presidencial, por outro lado, foram insuficientes para comprometer os bons índices de aprovação popular que o governo ainda desfruta.

O Instituto Sensus divulgou os resultados da pesquisa de opinião pública realizada sob os auspícios da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), mostrando que o governo do presidente Lula continua vivenciando um clima altamente favorável junto à população. Segundo a pesquisa, 52,7% dos entrevistados fizeram uma avaliação positiva do governo.

Do universo ouvido pelo Instituto Sensus (duas mil entrevistas em 136 municípios de 24 estados de cinco regiões, entre os últimos dias 11 e 16), 64,1% confirmaram ter ouvido falar do uso irregular dos cartões, dos quais 74,9% admitem que tal ocorrência afeta a imagem do presidente da República. Contudo, para 66,8% dos entrevistados o desempenho pessoal do presidente está aprovado, caindo para 28,6% a proporção dos eleitores que manifestaram pensamento oposto.

Para os especialistas a pesquisa mostra uma realidade inequívoca: o escancarado desregramento no uso dos cartões corporativos, caracterizando em muitos exemplos o cometimento de licenciosidades que exigem enquadramento legal e severas punições, não chegou a fornecer elementos para solapar a popularidade do presidente Lula.

Ao longo dos cinco anos de exercício do poder, mesmo assediado por constantes crises políticas e escândalos financeiros, de modo especial nos casos do mensalão, sanguessugas, dossiê Vedoin, Gautama e, será o último?, cartões corporativos, o presidente Lula tem-se mantido sob a proteção duma espécie de bolha indevassável.

Lula viu-se constrangido a substituir auxiliares de inteira confiança, como José Dirceu, Luiz Gushiken e Silas Rondeau, seriamente acusados de desvios éticos no exercício dos cargos. Mas, no plano pessoal o presidente continuou ileso. Da mesma forma que ocorreu nas ?sugestões? dos pedidos de exoneração de outros figurantes da Esplanada, tais como a ex-ministra Matilde Ribeiro, encarregada da execução das Políticas de Igualdade Racial, que se auto-imolou em função do exagero nos gastos pessoais com o chamado dinheiro de plástico.

Como no antigo bordão publicitário, a popularidade de Lula continua numa boa…

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