BNDES estuda emissão de títulos para ampliar orçamento

Rio – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estuda a possibilidade de emitir debêntures no mercado nacional, por meio de sua subsidiária BNDES Participações(Bndespar), com o objetivo de ampliar o orçamento. A informação foi dada hoje, na Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro, pelo diretor da Área Financeira e de Mercado de Capitais do BNDES, Carlos Kawall.

Debêntures são títulos emitidos por empresas com prazo certo e remuneração certa, cuja garantia são os ativos das próprias companhias. As empresas costumam emitir debêntures para se financiar. Na visão de especialistas, isso funciona como se a empresa obtivesse um empréstimo a longo prazo em troca dos títulos.

"A depender do cenário que a gente tiver de demanda de recursos, isso é uma possibilidade", disse Kawall. O orçamento para investimentos previsto pelo BNDES para 2006 atinge R$ 60 bilhões. O diretor adiantou que, embora não haja nenhuma decisão a respeito por enquanto, o banco pode, em breve, considerar isso.

Ele explicou que, dependendo da demanda pelos financiamentos, o banco poderá necessitar de recursos adicionais. Kawall avaliou que uma demanda por R$ 60 bilhões em empréstimos "justificaria" a emissão.

Carlos Kawall destacou, entretanto, que a decisão por parte do BNDES não está atrelada somente à demanda. "A gente tem que olhar as outras variáveis, porque o banco tem recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador(FAT), de organismos como o Banco Interamericano de Desenvolvimento(BID) e de venda de ativos".

O diretor financeiro do BNDES acredita que há espaço para a instituição realizar integralmente este ano o orçamento programado de R$ 60 bilhões. No ano passado, o orçamento inicial, também de R$ 60 bilhões, passou posteriormente para R$ 50 bilhões, em razão da fraca demanda por recursos pelo empresariado. "Nós temos espaço para ir até R$ 60 bilhões", declarou Kawall. "A gente tem isso como horizonte".

Segundo o diretor, no ano passado ocorreram fatores – como a seca no sul do país – que afetaram os investimentos do setor agropecuário, além da desvalorização cambial, que atingiu os financiamentos à exportação em reais. A tendência de redução gradual dos juros básicos (Selic) e a diminuição da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), praticada pelo banco em suas operações, hoje da ordem de 9% ao ano, sinalizam "um horizonte mais favorável", avaliou.

Kawall acrescentou que o cenário econômico mundial, que permanece positivo, também é um ponto que favorece a decisão de investimentos pelas empresas e a conseqüente busca por empréstimos junto ao BNDES. Ele lembrou que os dois últimos meses do ano passado foram muito bons. "Acho que isso mostra que a gente tem que estar preparado, acompanhando ao longo do ano".

O diretor ressaltou, por outro lado, que o ano eleitoral não deverá influenciar na tomada de decisões pelos empresários. "Vai depender do horizonte que as empresas tenham". A visão do BNDES é de que a crise política não foi um fator preponderante para as decisões de investimentos em 2005, porque são decisões estratégicas, demoram muito para ser tomadas e têm efeitos mais longos. "Não é como uma decisão de consumir hoje ou amanhã".

A expectativa de Kawall, levando em consideração a queda do risco-país, é que 2006, apesar de ser ano eleitoral, "pode ser um ano mais tranqüilo do que em eleições anteriores. Acho que deve ser por conta dos fundamentos da economia, que estão mais sólidos".

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