Berzoini afirma que decisão de sair foi tomada com Executiva

O deputado federal Ricardo Berzoini disse nesta sexta-feira (6), em entrevista coletiva, que tomou a decisão de se afastar da presidência do PT após se reunir com os integrantes da Executiva do partido e ouvir manifestações de apoio, mas também contrárias à sua permanência no cargo. Nem mesmo a manifestação feita nesta sexta-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo a qual a saída de Berzoini não provocaria nenhum ganho à campanha de reeleição, foi suficiente para demovê-lo da idéia de se afastar do cargo. "Recebi com satisfação a manifestação do presidente, mas foi uma decisão a partir do debate com membros da Executiva. A posição do presidente da República me deixou à vontade para isso (pedir o afastamento), porque demonstrou confiança em mim", declarou.

Berzoini e o novo presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, recusaram-se a estimar em quanto tempo o deputado poderá retornar ao cargo, ou se poderá deixar definitivamente a presidência da legenda. "O objetivo foi de não deixar embaraço para o pleno andamento da Executiva", insistiu o parlamentar, acrescentando que tem interesse que "as instituições democráticas" investiguem e tirem conclusões sobre o episódio da compra do dossiê.

‘Abacaxi’

Garcia, por sua vez, usou de ironia ao comentar o fato de ele assumir a presidência do PT. "Tenho absoluta certeza que rapidamente será lançada luz sobre esse episódio (da compra do dossiê) e vou me ver livre desse abacaxi muito pronto, e vou devolvê-lo ao meu amigo Berzoini", declarou. Indagado se a presidência do PT significava para ele um abacaxi, Garcia respondeu: "não é um abacaxi. É um abacaxi para mim, porque eu não sou, em primeiro lugar, uma pessoa que esteja a altura dessa responsabilidade. Em segundo, porque tenho outras preferências, que é servir meu partido na Comissão Executiva, sem dúvida nenhuma no governo, e nas atribuições que eu tenho na assessoria da Presidência da República".

Ao mesmo tempo, Berzoini se valeu do mesmo argumento de que as autoridades deverão descobrir a origem do dinheiro e, assim, ele evitou tratar sobre a origem do R$ 1,75 milhão apreendido pela Polícia Federal e que foi utilizado para a compra do dossiê. Segundo ele, a Polícia Federal e demais autoridades deverão responder sobre a origem do dinheiro, mas ele insistiu que não tem nenhuma relação com o caixa da campanha presidencial.

Ele insistiu também que não sofreu nenhuma pressão para pedir o afastamento, e admitiu que o tema merecerá a atenção no debate de domingo entre o presidente Lula e o candidato tucano Geraldo Alckmin e que a oposição poderá realizar "todo tipo de ilações", mas que a iniciativa dele é uma prova de "quem se coloca sem qualquer preocupação com o caso".

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