Bernardo admite necessidade de debater matriz energética

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, aceitou nesta terça-feira (29) as críticas do presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, de que é preciso debater a matriz energética brasileira e resolver o problema da criação de energia para os próximos oito ou dez anos. Ele observou, no entanto, uma dose de exagero quando o executivo disse que a empresa está questionando os investimentos produtivos no Brasil por temer falta de energia no futuro.

"Acho que há um certo exagero. Ninguém acredita que o Roger Agnelli está parando de fazer investimentos", afirmou Bernardo após participar de debate sobre os desafios para o crescimento da economia do País frente ao tamanho do Estado brasileiro, no III Fórum Globo News.

O ministro citou como exemplo as recentes aquisições da Vale do Rio Doce e o volume de investimentos da companhia. "Agora, de fato, eu acho que nós sempre temos que ouvir essas vozes como um alerta. Não dá para achar que está tudo perfeitamente em ordem, que nós não precisamos nos preocupar", reconheceu.

Ele destacou que, do total de R$ 504 bilhões previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), R$ 274 bilhões serão utilizados em projetos energéticos. Segundo Bernardo, o grande número de pequenas usinas hidrelétricas em construção vai gerar 9.000 MW ou 3/4 da geração de Itaipu, antes da inauguração das novas turbinas – 12.000 MW. O ministro estimou que será um aumento de 12% na atual capacidade instalada.

"Não estamos descuidando disso. O PAC foi montado justamente para acelerar a tomada e a implementação de decisões nesta área" destacou Bernardo.

O ministro esclareceu que a dificuldade na concessão de licenciamento ambiental para as usinas do rio Madeira (RO) gera uma grande discussão sobre a matriz energética do País. "Temos que fazer um debate sobre como aproveitar todas as possíveis fontes de energia e diversificar ao máximo nossa matriz", admitiu.

A Petrobras, lembrou ele, está fazendo esta ampliação na área do gás, ao explorar o potencial das bacias de Campos e Santos e ao diminuir sua dependência em relação ao gás boliviano. "Uma hora o governo vai ter que decidir o que fazer na área nuclear e acelerar o processo na área de hidrelétricas", salientou.

Bernardo disse, porém, que não há riscos para o crescimento do País, ao menos até 2011. "Mas nós temos que construir hoje a energia extra que será consumida na seqüência, para garantir que o processo de crescimento seja sustentável, além de 2011", afirmou.

O ministro disse ainda não acreditar que haja queda de investimentos de empresas nacionais e estrangeiras no País por conta desta questão. "O ambiente de negócios precisa melhorar, mas ainda é muito favorável. Está havendo investimento, nós estamos a um passo de obter o grau de investimento e isso pode significar, inclusive, uma enxurrada de investimentos no Brasil" concluiu.

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