Bancos pedem corte de compulsório para baixar juro

O presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e do Bradesco, Márcio Cypriano, reivindicou ontem a redução do depósito compulsório como condição para a queda dos juros ao consumidor no País. Em resposta às constantes cobranças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que as taxas bancárias sejam reduzidas,Cypriano afirmou – após participar do 1º Congresso Brasileiro de Meios Eletrônicos de Pagamento, em São Paulo – que, se o compulsório cair no mínimo dez pontos porcentuais, o repasse será imediato. Hoje, 45% dos depósitos à vista dos bancos fica retido no Banco Central (BC).

Segundo cálculos da agência de classificação de risco Austin Rating, o corte de 10 pontos porcentuais do compulsório representaria um recuo de 3,5 ponto no spread (diferença entre o custo de captação e o de empréstimo) nas operações para pessoa física, hoje em 40,6% ao ano. No caso da pessoa jurídica, a queda seria de 2 pontos no spread, que está em 13% ao ano.

Além da relação direta, a redução do compulsório elevaria o volume de crédito no País e promoveria maior concorrência entre as instituições, o que também iria contribuir para o recuo das taxas ao consumidor. Cypriano afirma que há algum tempo a proposta tem sido pauta constante na agenda da Febraban, além da queda da cunha fiscal, como Imposto de Renda e IOF. Segundo ele, não há necessidade de o País ter uma taxa tão elevada de compulsório se a inflação está sob controle.

"A taxa do depósito foi aumentada num período em que os índices de preços estavam pressionados. Hoje não vivemos mais essa situação", diz o presidente do maior banco privado do País. Ele afirma que em seis anos o compulsório caiu de 65% para 45%. No início do Plano Real, o compulsório chegou a atingir 100% dos depósitos à vista.

"O objetivo é tirar o dinheiro de circulação e conter a inflação", diz o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira. Ele concorda com Cypriano que não há necessidade de um compulsório tão alto, já que os índices de preços estão baixos e a demanda está controlada.

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