Banco de Alimentos consegue 30 toneladas de comida por mês

Enquanto o governo faz os últimos ajustes no programa Fome Zero e trabalha para acomodar as pressões sobre o projeto, a sociedade mostra que algumas iniciativas simples podem dar certo. Um exemplo é o Banco de Alimentos, organização não-governamental (ONG) fundada em 1999, presidida por Luciana Chinaglia Quintão.

No início, a ONG arrecadava 300 quilos de alimentos não-perecíveis, in natura e industrializados, por mês. Hoje, somam entre 25 e 30 toneladas por mês. Os produtos são distribuídos para 40 entidades filantrópicas, ajudando 20.500 necessitados.

A proposta é bem simples. “Nós combatemos o desperdício”, explicou Luciana, ao afirmar que, por dia, são jogadas fora no Brasil 39 milhões de toneladas de comida, o que daria para alimentar 19 milhões de pessoas com três refeições diárias.

O esbanjamento é enorme, visto que a safra brasileira de grãos de 2002 e 2003 é estimada em 107 milhões de toneladas, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O trabalho da organização é retirar os alimentos que não serão aproveitados pelas empresas e moradores e redistribuí-los.

O gasto é de R$ 20 mil. Esta quantia é desembolsada, mensalmente, para garantir a operação da ONG, que emprega sete funcionários e conta com mais três voluntários.  “Os alimentos são doados. Agora, precisamos de contribuição financeira para ampliarmos nossa operação”, disse a presidente do Banco de Alimentos.

Algumas empresas, como a Valley – que fabrica as tortas doces do McDonald?s -, e a Ticket, que paga o combustível dos dois carros que fazem as coletas e entregas de comida, são doadoras fixas da instituição. “Mas precisamos alavancar as contribuições em dinheiro para ampliarmos o atendimento”, reforçou Luciana, que banca a maior parte dos custos.

Parceria

Em dezembro, o organismo conseguiu fechar uma parceria com a Comgás, que o divulga em 370 mil contas de gás, em publicidade e placas de obras da companhia.

A divulgação, que vai até fevereiro, é a primeira feita pela empresa, informou a assessoria da Comgás. Até o fim do ano, a companhia pretende realizar outras três ações semelhantes, que podem ou não ser fechadas com a mesma entidade.

A presidente do Banco de Alimentos acredita que o lançamento do Fome Zero, previsto para amanhã (30), pode impulsionar a doação de comida, bem como retirar entraves que prejudicam essa ação social.

“Está parado desde 1996 no Congresso Nacional um projeto de lei que exime o doador de responsabilidade civil e criminal”, informou Luciana, ao destacar que, se for aprovado, muitas empresas que não fazem doações podem começar a participar. “Como hoje pode ser culpado o doador, no caso de o alimento fazer mal ao consumidor, as companhias preferem ficar de fora para não terem publicidade negativa.”

Assim como o Banco de Alimentos, há outras iniciativas no País que podem servir de exemplo para o Fome Zero, como o Banco Rio de Alimentos, do Rio, e o Prato Cheio, de Salvador.  A ONG paulista foi inspirada num projeto do Serviço Social do Comércio (Sesc), o Mesa São Paulo, criado em 1994. Este, por sua vez, foi adaptado do norte-americano Food Chain, que existe desde 1960.

Enquanto estas organizações põem a mão na massa, outras empresas começaram a discutir uma forma de ajudar o governo a combater a fome no Brasil. A Nestlé, por exemplo, entrou em contato com a União para saber de que forma poderá participar.

A Parmalat ainda estuda como será a atuação. Mesmo as menores começam a se engajar, como o bufê La Gallete e a Doceria Holandesa.

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