Babá e Fiúza brigam em sessão da Câmara

Os deputados João Batista de Araújo (sem partido-PA) e Ricardo Fiúza (PP-PE), relator da Medida Provisória (MP) que deu condição de ministro e foro privilegiado ao presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, bateram boca hoje na sessão da Câmara que aprovou a medida. Babá chamou Fiúza de "corrupto", iniciando a briga.

O presidente da Casa, João Paulo Cunha (PT-SP), encaminhou ao corregedor da Casa, Luiz Piauhylino (sem partido-PE), as notas taquigráficas e a fita da TV Câmara com o registro da briga. "As fitas e as notas reproduzem o contexto do debate naquele momento. O corregedor vai saber qual é o caminho a tomar", disse João Paulo.

Cabe a Piauhylino avaliar se o caso deverá ou não ser encaminhado à Comissão de Ética da Casa para uma eventual análise de quebra de decoro parlamentar.

No discurso, Babá afirmou que o deputado do PP de Pernambuco havia sido escolhido a dedo para relatar a MP porque era da tropa de choque do ex-presidente Fernando Collor de Mello.

"Portanto, para defender um corrupto como Collor de Mello e defender outro corrupto como Henrique Meirelles, está tudo bem!" Fiúza reagiu: "Não aceito essa molecagem."

"Molecagem de vossa excelência, corrupto, porque quase foi denunciado nesta Casa, na verdade, sobre o escândalo do Orçamento de que nem falei, mas falo agora", retrucou Babá, da tribuna. "Nunca fui envolvido", disse o deputado do PP. "Moleque e vagabundo, não brinque comigo. O sr. agora não está tratando com um parlamentar, o sr. está tratando com o homem", continuou . "Nunca lhe ofendi nem lhe dei liberdade", disse Fiúza, enquanto o presidente da Câmara tentava interromper a discussão. "Falei a verdade", insistiu o deputado sem partido. "Moleque", repetiu Fiúza.

João Paulo alertou Babá de que qualquer denúncia deve estar acompanhada de provas e permitiu que ele concluísse a fala: "Afirmei e reafirmo, o deputado Ricardo Fiúza foi da tropa de choque de Collor de Mello nesta Casa, ou não foi? Ou não defendeu, nesta Casa, um corrupto como Collor de Mello, tentando impedir seu impeachment? Quando disse que foi escolhido a dedo, é porque, na verdade, esta medida provisória é para proteger um outro corrupto que se chama Henrique Meirelles. Ou fraudar o fisco federal não é corrupção? Ou fraudar a Justiça Eleitoral de Goiás não é corrupção?", disse o deputado.

Antes de iniciar a contenda, Babá, no discurso, havia dito que Meirelles foi denunciado por ter remetido, via doleiro, US$ 50 mil (R$ 135,75 mil em valores atualizados) ao exterior e por ter fraudado o Fisco. "Ele deveria pagar R$ 108 mil ao Fisco e, com sua falsa declaração, iria receber R$ 56 mil de restituição. Declarou à Justiça de Goiás que seu patrimônio era de R$ 50 milhões e não de R$ 113 milhões." O escândalo do Orçamento, citado pelo deputado, refere-se à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou o desvio de recursos orçamentários do governo. A CPI concluiu os trabalhos em janeiro, incluindo Fiúza na lista dos parlamentares que deveriam responder a processo por falta de decoro. Ele conseguiu livrar-se da cassação e a ação foi arquivada.

Babá, que se filiou ao Psol, partido ainda não reconhecido legalmente, foi expulso do PT há um ano por ter feito campanha e votado contra a reforma da Previdência da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ex-Arena, ex-PDS ex-PFL, Fiúza foi ministro da Ação Social da administração Collor. Na Constituinte, foi o líder do "Centrão", grupo que reuniu parlamentares conservadores para contrapor os avanços sociais defendidos pela esquerda e, portanto, contra as propostas defendidas pelo PT.

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