Aves e ovos puxam inflação medida pelo IGP-10 no mês

Os alimentos no atacado, especialmente aves e ovos, foram responsáveis por pelo menos dois terços do porcentual da inflação nos dez primeiros dias de março, medida pelo Índice Geral de Preços 10 (IGP-10), divulgado nesta quinta-feira (15) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). No caso dos ovos, explicou o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, a pressão é sazonal e influencia tradicionalmente o indicador nos três primeiros meses do ano, devido a uma queda na oferta que ocorre com a elevação da temperatura.

Já no caso das aves, ele avalia que a queda de barreiras alfandegárias na Rússia deverá permitir um maior volume de exportações de frango, o que também pressiona a oferta no País e eleva os preços do produto. "Há uma euforia com a retomada das exportações e a possibilidade de recompor a margem de lucro que estava apertada no ano passado com a alta de insumos", avalia Quadros.

No âmbito do Índice de Preços ao Atacado (IPA), que responde por 60% do peso do IGP-10, as aves registraram alta de 19,19% nos dez primeiros dias de março, ante 2,76% nos dez primeiros dias de fevereiro. No ano, a alta no preço das aves é de 21,45%, mais do que a metade do total do acumulado em 12 meses (28,92%). Já os ovos, segundo a FGV, passaram de um aumento de 0,60% em fevereiro para elevação de 19,49% em março.

O economista da FGV também comenta que a pressão nos preços de aves e ovos já está sendo transmitida ao varejo. No âmbito do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que responde por 30% do IGP-10, o segmento Alimentação registrou praticamente o mesmo indicador dos primeiros dias de fevereiro, (1,41% ante 1,40%), enquanto o esperado pelos analistas era uma desaceleração mais acentuada, devido tanto ao término do período das chuvas, que pressionam o preço das hortaliças, como também com a aproximação do final da colheita, o que tradicionalmente puxa os preços para baixo.

"O problema do IPC é que antes mesmo das hortaliças terem seus preços recuados, houve o início da pressão do preço das aves (3%) e das frutas (1,78%)", argumenta Quadros. Entre as frutas que apresentaram a maior alta está a manga, que subiu 26,7% nos primeiros dez dias de março e acumula alta de 96,74% no ano.

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