Princepezza Irene, o Navio/Kombi

Muitos curitibanos, sobretudo os de descendência italiana, lembram com saudade dos festejos alusivos à comemoração do centenário da imigração dos italianos ao Paraná, levados à efeito no tradicional bairro de Santa Felicidade.

Isso aconteceu em 1978 e durante todo o mês de janeiro a colônia italiana deste bairro esteve em festa, concretizando série de eventos culturais, artísticos e religiosos, entre outros, o que chamou a atenção e atraiu turistas de todo o país e do exterior. Durante todo o mês, desfiles e mais desfiles aconteceram ao longo da Avenida Manoel Ribas, principal rua do bairro, atraindo multidões.

Mas, teve algo que despertou por demais a curiosidade do público: um navio, estilo antigo, que se movimentava em terra, pelas ruas. E sabem quem foi o autor dessa parada?

Nada menos que o extraordinário Armando Túlio, de tradicional família italiana do bairro que, como frisamos em recente edição, quando não está fazendo nada está projetando a construção de alguma coisa e dando vazão ao seu talento criativo.

Na época, ou seja, há 31 anos, a família Tulio, que foi pioneira no ramo no Paraná, possuía fábrica de móveis de vime, na qual Armando trabalhava com seus irmãos.

Por outro lado, ele possuía material ilustrativo sobre o navio mercante italiano “Princepezza Irene” que, segundo seus pais lhe contaram trouxe nos idos de 1878, seus avós da Itália.

Túlio teve acesso a flagrantes que marcavam a saída deste navio do porto de Gênova/Itália ao Brasil. Muito bem. Decidiu então construir uma réplica desse navio, a fim de com ela desfilar pelas ruas de Santa Felicidade e participar ativamente dos festejos daquele centenário, dando a sua preciosa colaboração para o sucesso dos mesmos.

Meteu mãos à obra e em apenas duas semanas a réplica estava feita, totalmente construída em vime trançado por mãos habilidosas no ramo. Ressalte-se que media 14 metros de comprimento por 2,30 de largura, com mastros que atingiam 9,0 metros de altura, além de duas chaminés. E sabem o que Túlio colocou dentro do navio?

Uma Kombi Volkswagen quase nova, em torno da qual foi instalada uma estrutura de tubos de aço, para sustentar o peso da construção. No trabalho de acabamento foram gastos mais 15 dias e pronto, a réplica estava acabada. O sucesso foi estrondoso. Todas as pessoas queriam ver passar o navio.

“Como não havia janelas – diz hoje Túlio rindo – eu dirigia o navio, de dentro da Kombi, olhando a rua pelas frestas do traçado de vime. Alguém sempre tinha que ir à frente erguendo os fios de energia elétrica, pois, os mastros ficaram muito altos”.

Após o encerramento dos festejos do Centenário, o navio-kombi ficou exposto ao público no pavilhão de eventos do Parque Barigui, por uma semana. Em seguida foi levado de volta ao pátio da fábrica de móveis de vime e lá ficou sendo deteriorado pelo tempo.

Um dia, Túlio, triste por ver o que estava acontecendo, tomou atitude drástica. Nem vamos contar o que ele fez…, aliás, com todo direito. O que interessa é que, sem a sua obra, a festa não seria tão brilhante! Agora resta a foto que estampamos, mostrando o navio-kombi “Princepezza Irene” desfilando na Avenida Manoel Ribas perante a multidão e sendo filmado pela TV Iguaçu Canal 4.

Voltar ao topo