Com o Touareg V8 a VW põe as rodas na lama

Com o Touareg (um jipão de luxo), a Volkswagen entrou definitivamente na disputa por um lugar ao sol no segmento de utilitários esportivos O nome é uma homenagem a um povo do deserto do Saara, conhecido como “Cavaleiros do Deserto”.

Suas linhas, que dão idéia de robustez, formam traços que caracterizam os carros da marca alemã. A começar pela grade dianteira em formato de semicircunferência e pelos faróis trapezoidais. As largas entradas de ar embutidas no pára-choque envolvente são preenchidas por telas do tipo “colméia”, o que reforça o apelo esportivo do utilitário, bem como o par de faróis auxiliares de neblina.

Os piscas nos retrovisores lembram os dos modelos M-Benz e dão um toque de sofisticação. Visto de lado o Touareg tem alguma semelhança com o “irmão” Cayenne. Mas o que impressiona mesmo é o tamanho. São 4,75 metros de comprimento, 1,93 m de largura e 1,72 m de altura.

No interior, destaque para o acabamento esmerado e pelo amplo espaço do porta-malas, com capacidade que varia de 550 litros a 1.570 litros. A instrumentação é completa e inclui voltímetro, termômetro e manômetro de óleo. Entre o conta-giros e o velocímetro fica o mostrador digital colorido, onde podem ser visualizadas várias informações sobre o carro, inclusive o funcionamento do sistema de tração com três diferenciais.

O volante multifunção de quatro raios tem boa empunhadura, além dos principais comandos do sistema de som e do controlador de velocidade de cruzeiro (“piloto automático”). Na coluna de direção estão colocadas as hastes para trocar as marchas no modo seqüencial. Essa escolha dificulta os engates nas curvas, ao contrário dos botões no próprio volante usados no Audi A3, por exemplo.

Os bancos são de couro e podem ser, inclusive, de tom claro (bege solar), comum na América do Norte e Europa, mas difícil de se encontrar no Brasil. Mas para ter essa opção não é possível escolher pela pintura Prata Reflex. Os ajustes são todos elétricos e há até aquecimento. O ar-condicionado digital vem com regulagem de meio em meio grau e conta com controles independentes para os passageiros do banco traseiro. Entre os bancos há apoio de braço e no console central ficam alguns comandos, entre os quais o da suspensão pneumática. Exceto algumas peças de plástico, o Touareg tem um agradável visual interno.

No Brasil, o VW Touareg é vendido na versão V8 4.2 a gasolina apenas sob encomenda. As primeiras 50 unidades (30 já entregues) foram comercializadas por US$ 117.350, preço que não inclui os itens da pequena lista de opcionais, composta por teto solar elétrico e detalhes de madeira murta ou vavona.

A convite da Volkswagen do Brasil, tivemos a oportunidade de dirigir o Touareg em pista de asfalto, e depois em pista de “off-road” em Santana de Parnaíba, no interior de São Paulo.

O motor 4.2 de 310 cavalos e bons 41,8 kgfm de torque a 3.000 que equipa o Touareg veio da Audi e dá conta do recado. Pisando firme no acelerador, o giro do motor sobe depressa. E o que se escuta dentro do carro é apenas o som agradável do seu motor V8 em ação.

Depois de oito segundos o ponteiro do velocímetro já marca 100 km/h e pode continuar subindo facilmente se o pedal do acelerador continuar sendo acionado. Estabilizando na velocidade máxima permitida (110 km/h) o Touareg roda em silêncio e transmite segurança. Nas curvas o sistema de controle de estabilidade (ESP) evita as derrapagens indesejáveis.

Do asfalto para a terra é que o utilitário da Volkswagen mostra toda a parafernália eletrônica incluída entre os seus itens de série. Mesmo com pneus 255/55R 18 feitos apenas para rodar no asfalto o Touareg encarou os desafios da pista “off-road” em Santana do Parnaíba (SP).

No trecho de inclinação de 45º a distribuição da tração entre as quatro rodas e a suspensão pneumática (com regulagem em quatro modos de funcionamento) mantiveram o carro sempre firme enquanto superava os obstáculos. Seja qual for a opção selecionada, a altura do solo é mantida constante, independente do peso da carga transportada. No modo extra alto o carro deve estar, no máximo, a 20 km/h para passar por trechos alagados, ser desatolado, entre outras situações do gênero.

O sistema inteligente de amortecedores tem três regulagens eletrônicas: conforto – deixa o carro mais macio; básica – regulagem média; e sport – deixa o carro mais rígido. Em qualquer uma dessas escolhas, os amortecedores são automática e continuamente ajustados ás condições do piso.

Mas, independente da regulagem selecionada, o sistema interpreta o estilo de condução do motorista. Se o condutor gosta de curvas rápidas, por exemplo, o amortecimento torna-se mais rígido para manter a estabilidade e segurança.

Foi na subida com muita lama, próxima da linha de chegada, é que a tração integral permanente com controle eletrônico funcionou para valer. Os pneus esportivos não ajudaram, o que dificultou um pouco a superação do obstáculo, mas mantendo o nível de rotação do motor e selecionando a segunda marcha reduzida o sistema foi distribuindo a tração entre as rodas e, como um milagre da eletrônica, o carro chegou até o fim do percurso.

Os interessados em comprar o utilitário esportivo da Volkswagen terão que aguardar a chegada do novo lote que será importado brevemente. Por enquanto o Touareg é privilegio de uma minoria…