Ausência de liderança

Curtindo a efervescência do Carnaval de Recife, rival do Carnaval da Bahia em explosão e capacidade de esgotamento dos foliões, o senador Aloizio Mercadante – um dos convidados do prefeito João Paulo -, teve tempo para declarar-se convicto da renúncia do deputado mineiro Virgílio Guimarães, um dia antes da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados.

Mercadante não deu maiores explicações sobre o fundamento de sua esperança na desistência de Virgílio. É de se admitir ter sido o senador aprisionado pela inevitável empolgação produzida pelos frevos e maracatus, marca registrada dos ranchos e blocos que abarrotam as ruas do Recife antigo até altas horas da manhã da quarta-feira de Cinzas.

Enquanto isso, o deputado Virgílio Guimarães optou exatamente por Salvador para fazer campanha entre deputados federais do Estado e colegas da Câmara vindos de outras partes, certamente atraídos pela imponência carnavalesca da Boa Terra. A campanha pela renovação da mesa diretora da Câmara cresceu de intensidade no atual período de recesso, tendo em vista a candidatura independente de Virgílio em detrimento da opção do PT pelo deputado paulista Luiz Eduardo Greenhalgh.

Tendo chegado até esta altura da caminhada com base no apoio ostensivo de grande número de colegas, como tem proclamado, Virgílio terá cavado sua própria sepultura se desistir um dia antes da disputa.

As fissuras abertas na atribulada relação das tendências petistas, agravadas pelo exercício do poder, parecem ter atingido – com esse episódio – o ápice do desentendimento e ausência de liderança. Seu poder de corrosão será visto em plenitude quando o Carnaval passar.

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