Entre os anos de 2003 e 2006, o número de assaltos ocorridos em agências dos Correios que possuem Banco Postal passou de 12 para 86 casos.
O levantamento foi realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR). Ontem pela manhã, representantes do sindicato e funcionários das agências no Estado participaram de uma audiência pública para discutir o assunto e reivindicar portas giratórias com detector de metal e vigilantes em todas as agências que oferecem o serviço.
A audiência aconteceu no plenarinho da Assembléia Legislativa do Paraná, em Curitiba, e contou também com a presença de dirigentes dos Correios e de deputados.
O Banco Postal foi criado em 2001 com o objetivo de disponibilizar serviços bancários em agências dos Correios nos municípios que não tinham bancos. O problema, segundo o secretário-geral do Sintcom-PR, Nilson dos Santos, é que os bandidos começaram a perceber que nestes locais se movimentava grandes quantidades de dinheiro.
Como grande maioria das agências não possui portas giratórias, passaram a ser alvos fáceis. Do total de 390 agências dos Correios no Paraná, 378 possuem o Banco Postal. Segundo os Correios, seis delas possuem portas giratórias.
?Temos informações de que os bancos postais movimentam até R$ 50 mil por dia e os clientes podem sacar até R$ 10 mil. As agências viraram chamariz de ladrões?, disse Santos.
O atendente de uma agência dos Correios de Santa Fé, (município localizado cerca de 50 quilômetros de Maringá, no norte do Paraná), Vanderlei Jardim, contou que viveu momentos de terror em um assalto ocorrido no início de junho.
Dois homens armados chegaram no local e solicitaram a abertura do cofre. Minutos depois a polícia foi avisada e chegou na agência, o que resultou em troca de tiros e um dos bandidos morto. Porém, antes do bandido ser baleado, Jardim foi levado como refém por cerca de 20 quilômetros.
?São horas em que a gente pensa mil coisas, pensa que vai morrer, que a polícia vai atirar. Agora dá receio toda vez que chega alguém e faz algum movimento brusco?, diz o funcionário.
A agência de Santa Fé é apenas um dos exemplos. A agência de Jataizinho (no norte), foi assaltada oito vezes. A de Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba) onde já há portas giratórias, chegou a ser assaltada nove vezes.
O diretor adjunto dos Correios no Paraná, Areovaldo Figueiredo, explicou que a empresa possui um departamento só para estudar estes casos e que os equipamentos de segurança necessários são instalados.
Segundo ele, grande maioria das agências possui cofres, web-cam, monitoramento de TV, alarme e fechaduras especiais. Vigilantes, porém, só há em 17 agências. ?Nós temos muita preocupação com a segurança. Mas fazemos os investimentos de acordo com a necessidade de cada local?, informou.
A briga entre os funcionários e a direção dos Correios foi parar no Ministério Público do Trabalho. O procurador do Trabalho Ricardo Bruel, que também participou da audiência, informou que o Sintcom entrou com uma representação no ministério, no ano passado, contra os Correios.
?Os Correios devem aplicar nas agências com Banco Postal o mesmo sistema dos bancos. Dar segurança aos trabalhadores é responsabilidade da empresa. O custo elevado não pode ser levado em consideração nessa questão?, afirmou o procurador.