Atuação do BNDES foi importante na negociação da Volkswagen, diz professor

A participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nas negociações com trabalhadores e direção da Volkswagen foi importante e certamente contribuiu para a mudança na decisão da empresa de fechar uma unidade de São Bernardo do Campo (SP), e demitir 3.600 pessoas.

A avaliação é do professor de economia da Universidade de Campinas (Unicamp), Márcio Pochmann. Ele lembrou que o BNDES não é uma instituição qualquer, que se atenha exclusivamente à rentabilidade dos recursos a serem aplicados.

?O BNDES é uma somatória de ações com recursos públicos. A base dos financiamentos do BNDES provém do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Não há duvida de que as decisões do banco também têm que ter como objetivo questões de âmbito nacional?, disse.

Para o professor, a negociação entre trabalhadores e direção de empresas é razoável e adequada quando se trata de discussões referentes à questão salarial ou à renovação do acordo coletivo de trabalho. Neste caso, segundo informou, não faz sentido o Estado interferir.

Ele acrescentou, no entanto, que quando as questões são mais abrangentes e tratam de decisões de investimentos de uma empresa ou de exportação e de importação e de nível de emprego, as negociações costumam ser feitas em comissões mais amplas do que as que envolvem apenas trabalhadores e a própria empresa.

?Na instalação do setor automobilístico no Brasil, na segunda metade dos anos 50, tínhamos grupos executivos cujo objetivo era tratar das questões mais amplas para a instalação do setor. No início dos anos 90, quando tivemos uma grave recessão, com redução do nível de atividade no setor industrial e no número de empregos, também, foram constituídas as câmaras setoriais que tiveram resultados importantes para aquele momento?.

Na avaliação do economista, seria fundamental que a negociação com o setor automobilístico incluísse toda a cadeia produtiva e que pudesse, além de trabalhadores e das empresas, ter a presença do governo.

O professor citou como exemplos, Coréia, Índia e China, onde a condução das políticas industrial e comercial é mais ampla. ?Os governos desses países têm um papel decisivo em combinar as decisões da grande empresa e dos seus trabalhadores, objetivando não apenas atender os interesses estritos dos trabalhadores, mas os objetivos nacionais?.

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