Associação diz que adiamento de concessão de rodovias foi grande retrocesso

São Paulo – O assessor técnico da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), Neuto Gonçalves dos Reis, disse nesta quinta-feira (11) que a decisão da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de adiar a concessão de rodovias federais à iniciativa privada foi ?um grande retrocesso?.

?Estamos esperando que essas estradas sejam colocadas em ordem desde 1999. E isso é importante porque afinal elas ligam duas regiões muito importantes do país, ligam o país com o Mercosul e por elas passa um grande volume de tráfego?, disse Reis, em entrevista à Agência Brasil.

Ontem (10), a ministra Dilma Rousseff disse que as concessões não serão canceladas, mas foram adiadas para que o governo avalie um novo modelo. Sete lotes de rodovias federais, entre elas a Fernão Dias (São Paulo-Belo Horizonte) e a Régis Bittencourt (São Paulo-Curitiba), passariam a ser operadas pela iniciativa privada, com cobrança de pedágio.

O anúncio do adiamento, segundo Reis, provoca um ?lamentável atraso?. ?É mais um atraso nessas obras, além de evidentemente afastar o capital estrangeiro (argentino e europeu), que estava interessado nas licitações, e o próprio capital nacional?, afirmou.

O assessor técnico também criticou a idéia do governo em criar uma estatal para administrar diretamente a cobrança dos pedágios nessas rodovias. ?É infeliz essa idéia da criação dessa estatal para gerir os pedágios ? ?pedagiobrás? ou ?buracobrás? – porque o governo é sabidamente um mau gestor. O que o governo gerencia acaba custando muito caro. Além disso, essas estradas demandam investimentos que o governo não tem como fazer?, destacou.

De acordo Neuto Gonçalves, a cobrança de pedágio pelo governo não garantiria a conservação das estradas, porque os pedágios estariam ?sujeitos a pressões políticas, de maneira que ele não aumentaria o necessário?. Ele citou como exemplo a Via Dutra, que há dez anos era administrada pelo governo, com pedágio barato, mas num ?estado lamentável?. ?Aí veio a concessão e a Dutra é hoje uma das melhores rodovias do país?, disse.

Neuto Gonçalves informou que um levantamento feito pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) apontou que as estradas federais sofrem atualmente de problemas de pavimentação e de sinalização deficiente. ?Mas o maior problema é o do projeto geométrico, do traçado, que é acanhado, com curvas fechadas e muitos aclives e declives?, disse.

Ele acredita que o investimento de R$ 20 bilhões seriam suficientes para ?colocar as rodovias existentes em ordem?, embora também seja necessário ?criar novas rodovias?.

Para ele, a melhor solução para as rodovias federais seriam mesmo as concessões, a tarifas razoáveis. ?Ou essa concessão, pura e simples, ou o modelo de parceria público-privada, com a gestão na mão dos empresários?, defendeu.

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