Assembléia Legislativa discute criação de CPI do MST

A proposta de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito do MST monopolizou as discussões dos deputados na sessão de reabertura da Assembléia Legislativa, ontem à tarde. O líder do PFL, deputado Plauto Miró Guimarães, começou a coletar as assinaturas e já contabilizava o apoio de dez deputados ao requerimento pedindo a criação da CPI, que seria instalada na vaga da CPI do Pedágio, encerrada no final de junho. São necessárias dezoito assinaturas para a apresentação da proposta à Mesa Executiva.

O líder do PFL disse que o objetivo da CPI é promover uma radiografia das ações e recursos utilizados nos últimos vinte anos para o assentamento de famílias de trabalhadores sem-terra no Estado. “Nós queremos trazer à tona tudo que possa informar à opinião pública sobre a questão agrária no Paraná”, justificou o deputado.

O líder do governo, deputado Angelo Vanhoni (PT), disse que a bancada de apoio ao Palácio Iguaçu ainda não tem posição definida sobre a CPI. Mas afirmou que a Assembléia Legislativa não pode ficar estimulando conflitos e que cabe aos deputados apresentar soluções para a questão agrária. “O que a sociedade espera do Legislativo e do Executivo é que se estabeleça a paz no campo. O que sabemos é que o Paraná não tem mais áreas improdutivas e precisamos de dinheiro para a aquisição de áreas para novos assentamentos”, comentou.

Os deputados que já assinaram o requerimento da CPI foram: Luiz Accorsi (PSDB), Luiz Fernandes Litro (PSDB), Nelson Garcia (PSDB), Duilio Genari (PP), Ademar Traiano (PSDB), Barbosa Neto (PDT), Durval Amaral (PFL), Luiz Carlos Martins (PSL) e Elio Rusch (PFL). O autor da proposta acredita que vai conseguir reunir o total de assinaturas necessárias. “Achava que teria resistências na bancada do governo, mas já tive adesões”, afirmou. Plauto citou o caso de Genari, Accorsi e Garcia como exemplo de deputados alinhados ao governo que decidiram apoiar a CPI.

Críticas

A bancada do PT ainda não tem uma posição oficial mas, isoladamente, alguns deputados criticaram a iniciativa do pefelista. O 1.º vice-presidente da Assembléia, deputado Natalio Stica (PT), disse que uma CPI sobre sem-terra vai revelar o óbvio, que é a necessidade de se fazer reforma agrária. Outro deputado petista, Tadeu Veneri, disse que a instalação da comissão somente teria propósito se as investigações fossem ampliadas para o uso social da terra e os grandes latifúndios.

Requião critica proposta

O governador Roberto Requião (PMDB) disse ontem que, ao invés de instalar uma CPI sobre o MST, os deputados estaduais deveriam criar uma comissão para ajudá-lo na execução de um programa de desenvolvimento e geração de empregos. “Seria mais útil”, comentou o governador, criticando a proposta de autoria do deputado estadual e líder do PFL, Plauto Miró Guimarães.

Requião disse que não pretende interferir na posição dos deputados que integram o bloco de apoio ao Palácio Iguaçu. Mas classificou como “regressão ao primitivo” a proposta de instalação da CPI. “Vou mandar de presente para a e Assembléia Legislativa uma cópia de um artigo do Rubens Rícupero (ex-ministro da Fazenda na gestão do ex-presidente Itamar Franco e atual secretário geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento) em que ele mostra que a reforma agrária é uma questão social”, disse.

Para o governador, a Assembléia não precisa criar uma CPI para constatar que os conflitos no campo são resultado de um processo de paralisação econômica do país. “Estas pessoas só estão pressionando por absoluta falta de emprego e de desenvolvimento. Não vou me intrometer nisso, mas o que há no país é falta de condições de sobrevivência. No mundo inteiro, as pessoas saem do campo para a cidade. No Brasil, as pessoas saem da cidade para o campo por falta de emprego”, comentou.

Voltar ao topo