Articulação mínima

No dia seguinte à revelação do acordo do governo e centrais sindicais em torno do salário mínimo de R$ 350, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, um dos entusiasmados subscritores do acerto preliminar, veio a público para desautorizar o esforço feito na véspera.

É provável que Marinho tenha ouvido alguma reprimenda oriunda do Planalto, pois se apressou a corrigir sua própria crença que a antecipação do pagamento para 1.º de março, antes compatível com os números do Orçamento de 2006, terá um baque insuportável sobre as contas governamentais.

A questão, no entanto, será dirimida na próxima quinta-feira, quando ocorre o encontro do presidente Lula com os presidentes das centrais sindicais. Contudo, o clima ameno de entendimento poderá sofrer a ação inesperada da instabilidade pendente sobre o planalto central.

Na pior das hipóteses, fica com o ministro Marinho a maior fatia do desgaste causado pela repentina mudança de enfoque em relação ao salário mínimo. Uma das conclusões é que o ministro não estava autorizado a concordar com a proposta das centrais, reduzida para R$ 350 pagos a partir de março, além da correção de 10% na tabela do Imposto de Renda.

Com visível dificuldade na articulação política, denotando absoluta falta de comando sobre a ação administrativa, o governo coleciona equívocos e frustrações e, como desgraça pouca é bobagem, contribui para elevar o perigoso índice da descrença popular.

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