Após um mês, mãe paraguaia revê bebê em Campo Grande

Descoberta pela Polícia Federal no fim de outubro, foi expulsa no mesmo dia. Mas não pôde levar o menino, ainda internado no hospital, porque os policiais não entendiam suas explicações. Ela só fala guarani – que, como o espanhol, é língua oficial do Paraguai. Apenas hoje, depois da intervenção da Santa Casa e de uma doação em dinheiro do governo paraguaio para pagar a viagem ao Brasil, Cándida voltou a Campo Grande e pôde, finalmente, rever o menino.

As únicas palavras que conseguiu dizer em português foram: "Estou aliviada". O restante do diálogo foi traduzido por intérprete. Ela não fala nem português, nem espanhol. Cándida é pobre, tem outros cinco filhos pequenos. Mora na cidade de Fuerte Olimpo, na divisa com Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul, de onde saiu para internar Domingo.

Como em Fuerte Olimpo não existe incubadora para bebês prematuros, ela procurou o hospital de Porto Murtinho. De lá, ela e o filho foram transferidos para a Santa Casa de Campo Grande. Por causa do grande número de atendimentos médicos a estrangeiros feitos no hospital, uma equipe do Sistema Único de Saúde (SUS) analisou a situação da paraguaia, constatando que era imigrante ilegal no Brasil. Segundo o Ministério da Justiça, ela não foi expulsa, mas apenas convidada a regularizar sua situação no País.

MULTA – No dia 28 de outubro, uma equipe da Polícia Federal prendeu Cándida, que estava hospedada em uma pensão na frente da Santa Casa. Ela tentou explicar que estava com o filho na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital, mas nenhum dos policiais entendia guarani. Foi expulsa no mesmo dia e ainda recebeu uma multa de R$ 165,55.

O Departamento de Relações Públicas da Santa Casa divulgou uma nota explicando a situação logo após a expulsão. A Polícia Federal respondeu afirmando que não tinha nenhuma informação sequer sobre a existência da criança, muito menos de que estaria internada na Santa Casa.

Desfeita a confusão, o governo paraguaio doou dinheiro para que Cándida pudesse pagar a multa e retornar ao Brasil. Hoje ela pôde, enfim, abraçar Domingo e levá-lo de volta para casa.

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