Muricy Ramalho não é conhecido pelo bom humor, irreverência ou vocabulário rebuscado. Discursos e palestras cansativas? Nada disso. Aos 50 anos – no próximo dia 30 completa 51 -, o treinador campeão brasileiro faz questão de não mudar seu estilo prático. Mas ontem, depois do empate com o Atlético-PR, finalmente desabafou. "Estou realizado", afirmou. "No Brasil, o trabalho depende muito do resultado e o título mostra que nosso trabalho foi bem-feito.
"A derrota deixa o treinador muito sozinho. Ele é o único que perde", prosseguiu. "Mas me concentrei demais nessa conquista. Investi pesado nesse campeonato porque precisava ganhar de qualquer jeito.
O treinador evita os holofotes do estrelato, mas o fato é que poucos profissionais têm sido tão vitoriosos quanto ele nos últimos anos: foi campeão paulista pelo São Caetano, reergueu o então combalido Internacional e trouxe o título brasileiro de volta ao Morumbi depois de 15 anos. "O reconhecimento é importante, mas não gosto de passado: não guardo medalha, faixa ou troféu", desdenhou. "Meu trabalho é no presente.
No caso de Muricy, o jeito prático combina com eficiência. "Para mim, treino é jogo e jogo é decisão", disse o ex-atleta do próprio São Paulo. Por isso, mesmo quando o time está ganhando com facilidade, ele grita e gesticula a todo instante – seja num coletivo do time reserva contra os juniores ou numa final. "No futebol, não se pode relaxar: se você acha que é muito bom, leva rasteira.