Apagão aéreo atrapalha exportação

São Paulo (AE) – O apagão aéreo tem provocado problemas também para os exportadores de produtos perecíveis do agronegócio. As vendas externas estão sendo fortemente afetadas, pois a demora de um a dois dias no embarque de produtos como frutas e flores resulta na deterioração da carga e muitas vezes na perda do negócio.

A Fermac, empresa especializada na importação e exportação de produtos perecíveis, já registrou as primeiras perdas. Como resultado de um atraso de seis horas no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, a empresa perdeu uma carga de figo, colhida no dia 4 de dezembro que chegou estragada ao destino final, em Amsterdã, na Holanda, dois dias depois do previsto. Das 9 mil toneladas movimentadas pela companhia anualmente, 90% são cargas perecíveis, frutas, animais vivos, plantas e carnes.

O diretor da Fermac, Alexandre Duarte, ressalva que esta é apenas uma ponta do problema. Segundo ele, o setor enfrenta sérios problemas na infra-estrutura aeroportuária. Duarte aponta para a falta de câmaras frias para armazenagem e mistura de cargas perecíveis com outras não perecíveis em Guarulhos. Ele afirma que o custo de armazenagem do quilo de produto perecível está em 3 centavos de dólar para 72 horas, mas por determinação da Infraero, este tipo de carga só poderá ser descarregada com 12 horas de antecedência.

Duarte observa que o Aeroporto de Viracopos, em Campinas, tem infra-estrutura muito boa, mas o problema é que lá se trabalha apenas com aviões cargueiros e muitos embarques são feitos em vôos internacionais mistos, que levam passageiros e cargas.

Mais caro

Ainda segundo Duarte, no pico das exportações para a Europa, grande mercado consumidor das frutas brasileiras, entre setembro e dezembro, falta espaço nos aviões brasileiros, conseqüentemente, o preço do frete sobe. Neste período, o Chile exporta sua produção de frutas vermelhas para o mercado europeu, para otimizar o embarque, diz ele, o país utiliza os vôos de Santiago com conexão em São Paulo e depois transfere a carga para os principais aeroportos da União Européia (UE), em Madri e Amsterdã.

?O Chile tem esse direito por causa do Mercosul, mas a situação se agrava no final do ano quando a oferta brasileira também é maior?, explica. As empresas brasileiras gastam em média de US$ 1,10 a US$ 1,50 para cada quilo de fruta transportada, mas nestes três meses chega-se a gastar quase US$ 2 por quilo, enquanto o custo com frete aeroviário fica em média US$ 3 por quilo.

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