Antropólogo do PT assume hoje a presidência da Funai

O ministro da Justiça, Tarso Genro, confirmou ontem o nome do pesquisador paraense Márcio Meira, de 43 anos, para a presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai). Ele toma posse hoje, em Brasília, substituindo o antropólogo Mércio Pereira Gomes. Será o 32.º presidente da instituição criada há 39 anos.

Funcionário do Museu Emilio Göeldi, de Belém, Meira é formado em história, com mestrado em antropologia. Filiado ao PT desde 1983 participou da preparação do programa de governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, atuando na área de cultura. No ano seguinte foi indicado pelo partido para ocupar a Secretaria de Articulação Institucional do Ministério da Cultura – cargo do qual foi demitido em janeiro deste ano pelo ministro Gilberto Gil, apesar dos protestos do PT.

Em Belém, Márcio distinguiu-se na área de cultura. Presidiu a Fundação Cultural de Belém e dirigiu o Arquivo Público Paraense. Foi um dos responsáveis pela revitalização do Mercado Ver-o-Peso da capital do Estado.

Ele não é muito conhecido no meio indígena. Em Boa Vista, Joenia Apixana, da direção do Conselho Indigenista de Roraima, observou: ?Não conheço seu trabalho. Espero que ele saiba ouvir os movimentos indígenas para saber quais são suas reais necessidades.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) não mostrou entusiasmo: ?Pouco adianta mudar o presidente da Funai se o governo federal não indica mudanças na sua política indigenista. A Comissão Nacional de Política Indigenista, criada por decreto presidencial em março de 2006, até hoje não foi instalada.

No Instituto Socioambiental (Isa), umas das maiores ONGs na área indigenista, a escolha foi elogiada. Segundo o antropólogo Beto Ricardo, secretário-executivo da instituição, Meira destacou-se na defesa dos índios na Constituinte de 1988 e já atuou na identificação de terras indígenas. Também foi um dos mediadores do diálogo entre os índios e a equipe de Lula, na transição de 2002.

Mércio Gomes estava no cargo desde setembro de 2003. Foi uma das gestões mais longas da Funai e também das mais polêmicas. Entre outras coisas foi criticado pelas constantes viagens ao exterior e por uma declaração, a uma agência internacional de notícias, na qual observou que seria excessiva a demanda de terras por indígenas. No meio dessa discussão demitiu o sertanista Sidney Possuelo, um dos mais respeitados da instituição.

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