Análise aponta estagnação na indústria

Brasília – O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) divulgou análise sobre o ?fraco desempenho? da indústria no decorrer deste ano, que resultou na queda de 0,3% no nível de emprego do setor, de janeiro a setembro, comparado com igual período do ano passado. Nos 12  meses fechados em setembro, a variação negativa atinge 0,4%.

O estudo foi feito em cima da pesquisa que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem, no qual revela crescimento de 0,4% no emprego da atividade industrial, em setembro, em resposta à queda de 0,2% registrada no mês anterior, mas ?insuficiente para reverter a queda? registrada no acumulado do ano, até setembro.

Os analistas do Iedi admitem a possibilidade de as contratações na indústria manterem o ritmo de emprego positivo no último trimestre de 2006, em razão do aumento de demanda por produtos nas festas de fim-de-ano, mas entendem que ?o emprego industrial deve fechar o ano com variação praticamente nula; ou seja: estagnada?.

O quadro de estagnação, segundo eles, é reflexo de dois fatores: o ?crescimento modesto? da indústria, de apenas 2,7% no acumulado janeiro/setembro, e o fato de a maioria dos setores com maior dinamismo de produção no ano não usar mão-de-obra intensiva, como refino de petróleo e produção de álcool, que cresceram 13,2% no ano (16,6% no mês).

Ao contrário, esses setores são de uso intensivo de capital, juntamente com metalurgia básica e indústria extrativa; e outros segmentos em expansão têm elevado conteúdo importado, como é o caso da fabricação de veículos, máquinas e aparelhos elétricos, eletrônicos de precisão e de comunicações, que registraram maiores crescimentos nas regiões Norte e Centro-Oeste.

Mas, as contratações nesses segmentos ?não foram suficientes para compensar o aumento do desemprego? nos setores com uso intensivo de mão-de-obra, como calçados e artigos de couro e vestuário, prejudicados pela valorização do real em relação ao dólar, pela crise agrícola que reduziu a compra de máquinas e equipamentos e pela concorrência externa dos produtos chineses, principalmente.

A indústria de calçados e couro teve retração de 13,1% no ano, provocando forte desemprego no Rio Grande do Sul e em São Paulo; a produção de máquinas e implementos agrícolas diminuiu 7,6%; a fabricação de móveis caiu 8,8%; a industrialização de fumo recuou 6,7%; e a produção de vestuário se reduziu em 5,3%. Acrescente-se o desempenho negativo também da indústria de transformação, produtos de borracha e plástico, papel e gráfica, minerais não-metálicos e têxteis.

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