Alunos da rede pública terão acesso a livros que valorizam diversidade cultural

Brasília – A partir de fevereiro, 14 milhões de alunos da rede pública de ensino fundamental vão ter acesso a clássicos da literatura nacional e internacional, no formato de texto, histórias em quadrinhos e imagens. Os livros fazem parte da coleção do Programa Nacional Biblioteca, da Escola do Ministério da Educação (MEC), que vai distribuir nas escolas mais de 7,5 milhões de exemplares.

Segundo a coordenadora geral de Estudos e Avaliação de Materiais do MEC, Jane Cristina da Silva, a literatura permite que os estudantes ampliem o conhecimento dos alunos para outras realidades. ?Por meio da literatura, podemos abrir novas possibilidades de conhecimento de várias realidades aos alunos das escolas públicas. A questão da diversidade cultural e da diversidade brasileira também pode estar presente nesta literatura?, disse ela.

Um exemplo é o livro O Negro da Chibata, do escritor Fernando Granato, um dos que serão distribuídos gratuitamente  para mais de 46 mil escolas de todo o país. A obra conta a história de João Cândido Felisberto, o Almirante Negro, que liderou a Revolta da Chibata, em 1910, no Rio de Janeiro.

A revolta dos marinheiros contra os maus-tratos que recebiam da Marinha durou quatro dias.  Eles ancoraram quatro navios na Baía de Guanabara e ameaçaram bombardear o Rio de Janeiro, caso não acabassem as chibatadas e os castigos.

Em um dos trecho do livro, Granato conta como 16 dos revoltosos foram encontrados em uma cela da Fortaleza da Ilha das Cobras: ?A cena chocaria até mesmo o mais insensível dos militares. Jogados num extremo da cela, estão 16 corpos de marujos mortos por asfixia. Num outro canto, em estado de choque, os dois únicos sobreviventes, João Cândido e o soldado naval João Avelino?.

Para o escritor, a inclusão do livro na coleção do Programa Biblioteca da Escola e o contato dos estudantes com a história de João Cândido vai estimular a luta contra a desigualdade e a valorização da cultura negra.

?Quando você conta a história de uma pessoa que sofreu preconceito e conseguiu liderar a sua classe de marinheiros, quase todos eles negros, que conseguiu passar por cima de um preconceito, que naquela época era ainda maior, que chegava até as vias quase da escravidão; quando você conta essa história – uma história bem sucedida, uma história de alguém que conseguiu se levantar –  você estimula outros movimentos parecidos; você luta contra a desigualdade; você estimula esses jovens a saberem exatamente quem são, de onde vieram e para onde vão?, afirmou Fernando Granato.

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