Altitude para helicópteros será ampliada na Grande São Paulo

Até junho deste ano, um terço das rotas de helicópteros que passam sobre as cidades da Grande São Paulo terá a sua altitude ampliada para reduzir o incômodo causado pelo barulho dos aparelhos. O plano do Serviço Regional de Proteção ao Vôo de São Paulo (SRPV-SP) é elevar em até 200 pés (60 metros) a altitude de 7 das 21 rotas da região metropolitana. A capital tem a segunda maior frota de helicópteros do mundo, com mais de 350 aeronaves. Com a alteração, a altitude mínima será de 914 metros – em relação ao nível do mar.

As mudanças vão ocorrer nos corredores Pinheiros, Anchieta, Ecológico, Marte, Tancredo, Estádio e Mauá. Com a proposta do SRPV, as aeronaves vão ser obrigadas a voar mais alto no Butantã Jabaquara, Vila Leopoldina, Vila Nova Conceição e região central. A presidente da Sociedade Amigos do Butantã, Marion Lautenberg, sabe bem o que é conviver com os helicópteros. "É um atrás do outro aqui. Normalmente começa às 6h30 e vai até as 23 horas. Mas já acordei no meio da noite com o barulho", afirma Marion.

Quando as aeronaves passam baixo, os vidros da casa trepidam. "No caso de Congonhas, eles (os responsáveis pelo aeroporto) dizem que chegaram primeiro e só depois a população veio, já sabendo o que teria de enfrentar. Mas os helicópteros, não. Vieram depois.

A rota que passa mais perto da casa dela (Estádio) foi criada em 2004, quando todos os helicópteros que voam perto de Congonhas passaram a ser controlados pela torre do aeroporto. "Mas as rotas também deveriam ser discutidas com a população", reclama Marion.

"O ideal seria eliminar as rotas que passam sobre bairros residenciais, resguardando o direito dos moradores ao silêncio e ao sossego", propõe a diretora técnica do Movimento Defenda São Paulo, Lucila Lacreta.

Segundo o tenente Carlos Heredia, do SRPV, antes de pensar nas modificações das rotas de helicópteros, foi necessário elevar algumas altitudes de procedimentos de saída de aviões, para garantir a segurança. No caso do corredor Pinheiros, por exemplo a mudança prevista é de apenas mais 30 metros.

Barulho

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o nível de ruído não ultrapasse 55 decibéis, enquanto a Lei de Zoneamento admite até 70 decibéis durante o dia. Mas o barulho causado pela aproximação de helicópteros chega a 95 decibéis no interior de algumas casas.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Pilotos de Helicópteros, Carlos Artoni, há alguns anos os pilotos já são orientados a fazer manobras de pousos e decolagens que produzam menos barulho, usando equipamentos mais modernos e rotas que passam por grandes avenidas. "A gente faz o que pode. Todo mundo tem de ceder um pouco.

Crescimento

A cada ano fica mais difícil controlar o tráfego no céu de São Paulo, mas a segurança tem aumentado. No quadrilátero de maior tráfego aéreo do País, formado pelas Avenidas Paulista e Jaguaré Ponte do Morumbi e Aeroporto de Congonhas, ocorrem até 200 pousos e decolagens de helicópteros por dia. Por ano, é preciso coordenar no quadrilátero pelo menos 200 mil vôos de aviões com 60 mil movimentos de helicópteros. Nos últimos dois anos, houve aumento de 50% no número de vôos de helicóptero nessa área, de 120 quilômetros quadrados.

Desde 2004, quando o tráfego de helicópteros no quadrilátero passou para o controle da torre de Congonhas, o número de situações de risco caiu. Em 2003, quando não havia controle de helicópteros, o Serviço Regional de Proteção ao Vôo (SRPV) registrou 79 situações de risco, nas quais aviões ficaram a 5 milhas (cerca de 9 km) desses .aparelhos. Em 2006, houve um só registro desse tipo.

Mas esse perímetro controlado está muito próximo de uma situação limite. O tenente Carlos Heredia e o major Carlos Alberto de Mattos Bento, do SRPV, conceberam o atual esquema de monitoramento, aprovado pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea).

Eles dizem que, caso o número de helicópteros continue crescendo ameaçando o monitoramento dos aviões, no futuro será necessário que a torre de Congonhas restrinja pousos e decolagens. Mas nem Heredia nem Bento estabelecem um limite de movimento de aeronaves para a adoção da medida. O SRPV não tem como atribuição controlar o aumento da frota de helicópteros (o que é feito pela Anac).

Os oficiais ressaltam que todas as normas para preservar a segurança seguem determinações federais e convenções internacionais. De acordo com Bento, a prioridade é sempre do avião. No perímetro controlado, o controlador pode até chamar a atenção do piloto do helicóptero se ele estiver voando abaixo do que manda a lei ou fora das rotas especificadas.

Em caso de desobediência repetida, a infração pode ser comunicada à Agência Nacional de Aviação Civil, que define uma multa. Segundo Bento, porém, nunca foi necessário chegar a esse ponto. "A gente trabalha com conscientização." Fora da região controlada, a regra que vale é a internacional: veja e evite (fique atento a outras aeronaves e saia de perto).

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