Alta do dólar dá prejuízo de R$ 537 milhões ao Banco Central

Brasília, 9 (AE) – O Banco Central (BC) contabilizou um prejuízo de R$ 537 milhões em suas operações de swap cambial (instrumento de proteção contra o risco de variação da taxa de câmbio ofertado aos bancos e empresas) nos primeiros quatro dias de junho. O prejuízo resultou de uma desvalorização de 0,14% do real frente ao dólar ocorrida no período, que passou dos R$ 3 1291 para R$ 3,1335. Em maio, o prejuízo chegou a R$ 1,461 bilhão, segundo maior resultado negativo desde o início do governo Lula. O valor só ficou abaixo dos R$ 3,677 bilhões de janeiro do ano passado.

Os dados até ontem, no entanto, indicam uma reversão da tendência de desvalorização do câmbio. Pelos indicadores do BC, o real já havia passado a apresentar uma valorização frente ao dólar de 0,43% no período entre o início do mês e ontem. Se for mantida esta tendência e o câmbio chegar aos R$ 3,10 no final do mês, como projetado na pesquisa semanal de mercado, o BC poderá reverter as perdase terminar junho com resultado positivo.

O BC, ao mesmo tempo, voltou hoje (9) a fazer um novo leilão de contratos de swap cambial, depois de passar sete meses realizando resgastes integrais. Foram vendidos 6.800 contratos de swap cambial, num valor de US$ 326,6 milhões. O valor correspondeu a 33,2% dos US$ 983 milhões de dívida cambial que vence no dia 17.

Apesar da oferta de hoje, o diretor de Política Monetária do BC, Luiz Augusto de Oliveira Candiota, ressaltou, em entrevista concedida ontem, que o governo não abandonou sua meta de procurar reduzir o grau de exposição da dívida pública à variação do câmbio. “Nada mudou. Continuamos com o mesmo objetivo”, disse.

Ele procurou esclarecer que o BC não trabalha com porcentuais fixos de rolagem de dívida cambial. “Já rolamos 10%, 70% e 0% da dívida. Não há um porcentual fixo”, disse. O fato de o BC não ter feito outros leilões nos últimos meses, segundo Candiota, refletiu o fato de a demanda por este tipo de instrumento de proteção contra a variação cambial ter sido praticamente inexistente.

“Sabíamos que isto não seria sempre assim”, disse. Mesmo assim, ele destacou que a demanda pela rolagem da dívida a vencer no dia 17, identificada em pesquisa de mercado feita ontem, ficou abaixo dos 100%. “Estamos ofertando o equivalente a cerca de 40% do vencimento”, disse.

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