Alimentos pressionam alta do IGP-DI em junho

A perda de força na deflação dos preços dos bens finais no atacado (de -1,10% para -0,06%), provocada principalmente pela aceleração nos preços de alimentação (de -1,63% para 1,57%), levou à taxa maior do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) em junho, que subiu 0,67%, ante alta de 0,38% em maio. A avaliação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros.

"O atacado foi o grande responsável pela aceleração na taxa do IGP-DI", admitiu o economista. Segundo ele, no setor de bens finais, os preços dos alimentos in natura, que registravam quedas mais intensas de preços há algum tempo, apresentaram deflação mais fraca, de maio para junho (de -7,01% para -0,03%). "Eu não duvido de que, nas próximas apurações, os preços dos alimentos in natura voltem a mostrar taxas positivas", afirmou o economista.

O comportamento de aceleração de preços também foi registrado nos alimentos processados – cuja elevação de preços passou de 0 90% para 2,27%, de maio para junho. Além disso, houve ainda aceleração de preços, no atacado, no setor de matérias-primas brutas (de 1,05% para 2,15%), de maio para junho, que foi pressionado por elevações nas commodities voltadas para o setor de alimentação.

Entre os exemplos mais importantes de aumento de preços, nos alimentos no atacado, estão os avanços registrados nos preços de cana-de-açúcar (8,57%); soja em grão (de 4,20%) e milho em grão (5,51%). "Os alimentos tiveram um papel muito importante para a aceleração de preços no atacado", disse ele.

Telefonia fixa

O recente reajuste negativo que será realizado este ano na tarifa de telefonia fixa, anunciada ontem pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, terá impacto de peso no resultado fechado de inflação do varejo em 2006, medido pelos IGPs, avaliou o economista. "(O reajuste negativo) vai ser um dos principais fatores de desaceleração da inflação (do varejo) entre 2005 e 2006", afirmou ele.

De acordo com Quadros, em julho, o impacto do reajuste da telefonia na inflação do varejo vai ser praticamente neutro, visto que as taxas de reajuste que serão efetuadas pelas operadoras de telefonia serão muito próximas de zero.

"Mas o mais importante é o efeito comparativo. Em 2005, a telefonia ainda estava sendo reajustada por IGPs que vinham de 2004 e início de 2005, que fizeram com que o reajuste na telefonia fosse da ordem de 8%. Considerando que a telefonia tem um impacto grande no índice – pesa em torno de 4% -, isso deu um impacto em torno de 0,3 (ponto porcentual) na inflação do varejo do ano passado", disse.

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