Alimentos e combustíveis fazem IGP-10 disparar

Rio – Pressionada por altas de preços em alimentos e combustíveis, a inflação medida pelo Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) atingiu em janeiro o maior nível em 9 meses, subindo 0,84% – 14 vezes superior à taxa de dezembro (0,06%) e acima das expectativas do mercado financeiro, que esperavam uma taxa entre 0,30% e 0,60%. Porém, para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que anunciou hoje (18) o indicador, a aceleração não reflete aumento generalizado de preços, mas um momento passageiro de elevação, no cenário da inflação.

O período de coleta de preços do IGP-10 foi de 11 de dezembro a 10 de janeiro. Os preço no atacado (que têm maior peso na formação do índice) foram os grandes responsáveis pela aceleração na taxa do indicador, subindo 1,03% em janeiro, ante queda de 0,16% em dezembro. Um dos fatores que mais contribuíram para essa elevação foi a perda da influência benéfica do câmbio, segundo o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros.

Ele afirmou que, graças à forte valorização cambial no ano passado, vários produtos relacionados ao dólar, no atacado, tiveram seus preços reduzidos. Mas a valorização cambial este ano não está tão forte. "O efeito benéfico do câmbio na inflação praticamente acabou", disse.

Entre os destaques de elevações que puxaram para cima a inflação no atacado estão a disparada, de dezembro para janeiro, nos preços em produtos agrícolas (de 0,61% para 2,32%), principalmente soja (de -2,01% para 6,40%), e o fim da deflação nos preços dos produtos industriais (de -0,41% para 0,63%). Esse segmento está sendo fortemente influenciado pela onda de aceleração no preço do álcool hidratado (de 4,93% para 5,04%).

Mesmo nesse cenário em que aumentos de preços parecem atingir vários setores ao mesmo tempo, Quadros não considera que esteja se iniciando um movimento de elevação generalizada de preços. Pelo contrário: o economista não descartou a possibilidade de o indicador de fevereiro se posicionar abaixo da taxa de janeiro.

Quadros reconheceu que o IGP-10 estabelece uma espécie de tendência de "curtíssimo prazo" para os IGPs, ou seja: os índices do primeiro mês do ano devem registrar taxas parecidas com a anunciada hoje. Porém, lembrou que o primeiro mês do ano é conhecido historicamente como sendo de inflação alta, por abranger um período muito intenso de reajustes de preços e de entressafra de produtos alimentícios. "Vários preços que estão acelerando não devem continuar subindo tão fortemente", disse.

No varejo, os preços também aceleraram, mas em menor intensidade. A inflação ao consumidor registrou alta de 0,59%, ante aumento de 0,53% em dezembro, graças às acelerações de preços em cursos formais (de 0% para 1,29%) e em combustíveis e lubrificantes (de 0,02% para 1,23%). Os reajustes na construção civil passaram de 0,39% em dezembro para 0,16% em janeiro.

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