Aliados de Serra entram em cena para manter situação sob controle

Brasília – Desde que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), lançou a pré-candidatura a presidente, os aliados do prefeito da capital paulista, José Serra (PSDB), entraram em cena para manter a situação sob controle e evitar o confronto interno que seria desastroso na sucessão presidencial. A estratégia dos seguidores de Serra é trabalhar para que o nome dele tenha consenso dentro e fora do partido e, se for o escolhido nas consultas internas da legenda, que a candidatura seja lançada por Alckmin, num gesto de unidade.

Preocupados e surpresos com a decisão do governador de São Paulo, um grupo de deputados da sigla passou as últimas 48 horas em reunião na cidade, tendo à frente o deputado Juthay Magalhães Júnior (PSDB-BA), considerado um dos principais interlocutores do prefeito de São Paulo. A intenção do grupo é buscar um ambiente de cordialidade entre as duas facções, mas, ao mesmo tempo, fortalecer o movimento pró-Serra. Para o público externo, os deputados tentam minimizar os efeitos das declarações de Alckmin, afirmando que ele apenas confirmou o óbvio, e apostam que não haverá conflito capaz de dificultar o projeto tucano de retornar ao poder.

"Não há ameaça de confronto. É necessário e fundamental a unidade, sob pena de pagarmos um preço alto", afirmou o líder da agremiação na Câmara, Alberto Goldman (SP), que também participou das reuniões, junto com o secretário-geral do PSDB, deputado Eduardo Paes (RJ), e o deputado Márcio Fortes (PSDB-RJ). Nas últimas conversas com políticos de confiança, Serra considera que está maduro o suficiente para encarar as eleições de 2006. No entanto, ressalta que saiu de duas campanhas pesadas e, por isso, só poderá encarar uma nova missão com a adesão completa do partido. "Mas parece que estou aqui ( na Prefeitura ) há três anos", brincou há dias, tentando enfatizar a dedicação e o fato de ter se preparado para enfrentar as questões administrativas do município.

Esse discurso, por sua vez, serve de estímulo aos partidários dele, apesar de todos admitirem que a situação de Serra é dramática e não permite erros. "Ele precisa estar atento pois já sai perdendo a Prefeitura", disse um parlamentar ligado ao governador. A decisão da legenda deve ser decidida em 60 dias e os partidários de Alckmin e do prefeito insistem em afirmar que não haverá disputa na convenção. Todos querem evitar conflitos que nem mesmo a cúpula tucana consiga contornar numa mesa de negociação.

Aécio

Enquanto o grupo de Serra se reveza em reuniões, o governador prossegue também nas conversas para explicar aos tucanos os motivos que o levaram a antecipar a decisão. Na próxima semana, Alckmin irá a Belo Horizonte para uma conversa com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), que terá papel fundamental na decisão partidária. O governador paulista tem um discurso pronto. "Política é momento", disse, repetidas vezes, na semana, a diversos interlocutores políticos. Alckmin afirma que está no cargo há 12 anos, está bem- avaliado e apresenta pesquisas, até mesmo de 2002, quando estava abaixo do ex-prefeito Paulo Maluf (PP) – busca no principal trunfo de Serra – a preferência nas pesquisas – para dizer sustentar que tem chances de crescimento.

Além disso, o governador paulista teria se credenciado junto ao empresariado e daria tranqüilidade ao mercado. "Serra pode inovar", admite seguidores de Alckmin. Frente à delicadeza da situação, os parlamentares do PSDB acham que ninguém poderá lavar as mãos neste momento, uma vez que se trata de dois quadros de qualidade e que o partido não pode perder a eleição. A intenção é definir o nome com base em várias fontes: resultado das pesquisas e consultas internas na estrutura partidária, como diretórios e figuras proeminentes dos tucanos.

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