Álcool e controvérsia

O preço do álcool hidratado com adição de até 7,4% de água na composição, utilizado nos carros equipados com motores específicos para o combustível, nos últimos dias superou o preço do álcool anidro, que é misturado à gasolina.

A confusão instalada nesse mercado se deveu, segundo a análise dos especialistas, ao fato de estarmos vivendo o auge da entressafra da produção e colheita da cana-de-açúcar e, em conseqüência, a paralisação da produção de álcool e açúcar pelas usinas.

Para buscar a solução imediata, o governo estimulou o início da colheita um mês antes do prazo ideal recomendado pela pesquisa agronômica e a experiência dos canavieiros, estimulando a produção de 850 milhões de litros de álcool até o final de março.

A outra razão, também carregada de inquietação, remete para a conclusão melancólica do não-cumprimento do acordo celebrado em janeiro entre governo e usineiros, pelo qual o preço do álcool no atacado permaneceria em R$ 1,05 até o início da colheita da nova safra.

Em algumas cidades, o preço do álcool hidratado havia superado nas últimas horas a barreira dos R$ 2, estabelecendo um patamar jamais igualado, mesmo nas ocasiões em que crises anteriores de abastecimento do combustível se aproximaram do descontrole.

O governo determinou a diminuição da mistura de álcool anidro à gasolina de 25% para 20%, a fim de aumentar a oferta do hidratado, mas como a burocracia embaça o andamento das providências, a medida estacionou no campo da retórica. De igual forma a redução do valor da Cide, para evitar a explosão dos preços dos combustíveis nos postos, ainda está patinando.

Técnicos e pesquisadores da lavoura de cana-de-açúcar alertam para a antecipação da colheita do produto, arrazoando que a essa altura as mesmas ainda não chegaram à fase ideal de corte, pois precisariam do benefício das chuvas de março. A cana ainda está aguada e por isso a produtividade será menor.

A safra correspondente ao ano agrícola 2005/2006 deverá ser a maior já colhida, ou seja, 415 milhões de toneladas. O ministro Roberto Rodrigues foi a Maringá para dar início simbólico à colheita, enfatizando que o movimento especulativo em breve estará contornado.

Em maio haverá uma oferta de 2,4 bilhões de litros, soma de 1,6 bilhão de litros de estoques e mais os 800 milhões produzidos. Até lá, todavia, haverá muita controvérsia.

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