Alckmin critica a política econômica do governo Lula

O governador Geraldo Alckmin disse hoje que há uma grande diferença em relação a falar e fazer. O candidato do PSDB à Presidência da República se referia ao Partido dos Trabalhadores (PT), que antes da vitória de Lula nas eleições de 2002 teve um discurso, mas, na prática, adotou outra postura. Em entrevista concedida há pouco à Rádio CBN, Alckmin afirmou que tem mantido coerência entre o falar e fazer e confia na mudança.

"Mudança sob o ponto de vista ético, sob o ponto de vista de eficiência, sob o ponto de vista de política econômica e especialmente na inclusão social. Acho que o Brasil pode crescer mais para as pessoas terem uma qualidade de vida melhor"

O tucano aproveitou a oportunidade e comentou algumas modificações que, se eleito, pretende implementar na política econômica. Para ele, a política monetária do atual governo é totalmente conservadora. "Eu entendo que esse tripé econômico está errado. Não há nenhuma razão para o País ter uma taxa de juros reais de 12% – chegou a ser mais de 13% -, enquanto a segunda taxa do mundo é de 6% e a taxa média internacional é de 3%" – explicou. "Por outro lado, a política fiscal também vai mal porque o Brasil está aumentando impostos. Aumentou mais 1,5% do PIB, no ano passado, de carga tributária. Tem que ser justamente o contrário, ou seja, é preciso melhorar a qualidade do gasto público para reduzir essa carga tributária".

O governador paulista também não economizou críticas ao câmbio. Segundo ele, a moeda sobrevalorizou em razão da taxa de juros. "Em razão dessa situação, o agronegócio está em crise, o setor calçadista está em crise, o setor de vestuário em geral também está em crise. Aquelas empresas menores que exportavam, que tem valor agregado, nós daqui a pouco vamos exportar emprego Entendo, sim, que é preciso mudar".

Embora não descarte a possibilidade de intervenções no câmbio para que real não se fortaleça tanto em relação ao dólar, Geraldo Alckmin lembrou que o governo Lula tem feito isso, mas não vem obtendo resultados. Isso porque, na sua avaliação, o problema não é esse. "Porque hoje o câmbio está tão ruim? É por causa dessa inundação de dólares. Em primeiro lugar, estão os juros muito altos. Em segundo lugar, o baixo crescimento econômico do País porque, se o Brasil crescesse mais forte, você estaria importando mais e o saldo da balança comercial seria menor, mas você não teria tanto dólar".

Indagado sobre como poderia fechar o orçamento diminuindo a carga tributária e fazendo sobrar dinheiro para investimentos na área social e em outros setores, o candidato tucano à Presidência declarou que não há saída sem crescimento econômico. Ele acredita que esse fator é que vai possibilitar controlar os gastos correntes e aliviar um pouco a carga tributária. "Porque a Argentina cresce 9% e o Brasil menos de 2 5%? Porque todos os países emergentes estão crescendo 5% ou 6% e nós não conseguimos crescer? Então, é preciso crescer e fazer as reformas estruturantes, fechando, ainda, todas as torneiras do desperdício".

Tributos – Alckmin falou não ser possível um País ter uma carga tributária de mais de 38% do PIB e sequer sobrar dinheiro para o governo tapar buracos em estradas. Ele citou como exemplo o enxugamento de gastos que promoveu à frente do governo do Estado. "Eu economizei aqui em São Paulo R$ 3,5 bilhões só com pregão e com bolsa eletrônica de compras. A outra é a própria taxa de juros. A maior despesa do governo no ano passado foram os R$ 156 bilhões com o pagamento de juros, que é próprio governo quem fixa. Então, é possível, sim, melhorar a questão fiscal".

Sobre o aumento da dívida interna, que pela primeira vez passou da marca de R$ 1 trilhão, Alckmin acha que isso aconteceu porque o governo foi "frouxo" na área fiscal. Na opinião do tucano, o governo não adotou uma ação dura no controle dos gastos e acabou tendo que adotar uma política monetária absurdamente alta. "Como a maior parte da dívida é referenciada pela taxa Selic, ela (a dívida) explode porque é política fiscal sem ter coragem para fazer a lição de casa. Do outro lado, há uma política monetária que, para impedir a volta da inflação, a nossa dívida se referencia pela taxa Selic. É o contrário do que precisa ser feito".

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