AES quita dívida de privatização com o BNDES

Seis anos antes do previsto, o grupo americano AES pagou a dívida que tinha junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pela privatização da Eletropaulo e encerrou um dos mais polêmicos casos de calote vividos pela instituição. Com R$ 1,3 bilhão arrecadados com a venda de ações da Eletropaulo, a empresa resgatou antecipadamente todas as debêntures subscritas pelo banco no processo de renegociação da dívida, em 2003. Na época do acordo, o banco esperava receber o dinheiro em nove anos

O BNDES, no entanto, permanece como sócio da multinacional à espera de um cenário favorável para se desfazer de sua participação na holding criada para controlar as atividades da AES no País. As debêntures foram emitidas para o pagamento de metade da dívida da empresa com o banco, que chegou a US$ 1,3 bilhão, contando com os juros. A outra metade foi transformada em ações da Brasiliana Energia, que se tornou controladora da Eletropaulo e das geradoras AES Tietê e AES Uruguaiana

Segundo o banco, não está nos planos ficar indefinidamente na Brasiliana, mas é preciso esperar que os preços se valorizem antes de iniciar a busca por interessados. O pagamento antecipado da dívida e o processo de reestruturação financeira e acionária em curso na Eletropaulo abrem o caminho: a empresa vem recuperando sua credibilidade junto ao mercado financeiro e voltará a distribuir dividendos – segundo o acordo firmado em 2003, todos os dividendos da Eletropaulo seriam usados para o pagamento da dívida com o BNDES

Em conferência telefônica com investidores há dez dias, o diretor vice-presidente de finanças da Eletropaulo, Britaldo Soares, informou que, daqui em diante, a empresa pretende pagar o maior volume de dividendos possível aos acionistas. Em relatório enviado a seus clientes, a corretora de valores Ativa avalia que as mudanças devem fazer bem à empresa, mas ressalva que "existe ainda um longo caminho pela frente" para que os trabalhos de melhoria na parte operacional comecem a apresentar resultados

De todo modo, a redução da dívida levou a agência de classificação de rating Fitch a elevar os ratings de dívida nacional e internacional da Eletropaulo. Segundo o balanço divulgado no terceiro trimestre, o endividamento líquido da empresa chegava a R$ 4 bilhões, uma queda de 18% com relação ao mesmo mês do ano anterior. A distribuidora comemora ainda um lucro acumulado de R$ 274,4 milhões este ano, contra um prejuízo de R$ 204,1 milhões no mesmo período em 2005. A direção da empresa trabalha ainda para melhorar o perfil de endividamento da AES Tietê, incluída na renegociação com o BNDES por insistência da gestão do banco

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