AEB alerta para dependência brasileira em exportações

Brasília – A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) estima que de 60% a 70% das exportações brasileiras são feitas hoje por empresas de capital estrangeiro. "Isso mostra o tamanho da nossa dependência em relação ao nível de atividade da economia mundial", disse o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro. O aumento da participação dos estrangeiros, segundo o dirigente da AEB, começou a se intensificar a partir dos anos 1990. "É uma conseqüência direta das privatizações e do processo de abertura econômica", comentou.

O último levantamento da AEB indica que a participação dos estrangeiros é mais concentrada nas vendas de produtos manufaturados. "Nas vendas de produtos com maior valor agregado, as empresas de capital externo têm participação muito maior que as brasileiras", disse. As exportadoras com controladores de capital nacional ainda mantinham um certo equilíbrio nas vendas ao exterior de commodities. "Mesmo aí, a participação dos estrangeiros já é grande", disse José Augusto.

O vice-presidente da AEB lembrou que as exportações de soja são quase totalmente controladas por grandes empresas multinacionais. "Temos aí a presença da Cargill e da Bunge, que são grandes multinacionais", disse. Os estrangeiros, segundo José Augusto, ainda não entraram em setores onde há forte presença de pequenas e médias empresas. "Não interessa ao capital externo comprar pequenas empresas. O interesse deles é pelos grandes conglomerados", disse. O setor de venda de calçados ao exterior, de acordo com o dirigente da AEB, é um que por este motivo, continua sendo controlado por brasileiros.

A participação dos estrangeiros nas exportações brasileiras, na visão do vice-presidente da AEB, tende a aumentar nos próximos anos. "É difícil fazer uma projeção sobre o que acontecerá no futuro. Mas não vejo tendência de reversão deste processo no curto prazo", comentou. Ele disse que só neste ano cerca de mil empresas brasileiras de médio e pequeno porte deixaram de exportar em função da taxa de câmbio desfavorável. "Este número poderá chegar a 500 no próximo ano", disse. Para o vice-presidente da AEB, estas unidades de produção controladas por brasileiros poderão acabar sendo vendidas a estrangeiros.

Na opinião do dirigente, o governo deveria seguir os modelos adotados em países como a China e a Coréia do Sul. "Estes países fizeram grandes investimentos em educação. Isto fez com que eles pudessem ter acesso a uma tecnologia de última geração", comentou. As grandes empresas exportadoras destes países, segundo o vice-presidente da AEB, são nacionais. "A Hyundai é uma grande exportadora e é, ao mesmo tempo, coreana", disse. A nacionalização das exportações, segundo o vice-presidente da AEB, ajudaria o Brasil a ficar menos dependente da conjuntura econômica internacional.

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