Adhail Passos, lutador pela democracia

No ano passado, personalidades exponenciais da vida pública paranaense se foram deixando lembranças, saudades e notáveis exemplos de conduta retilínea, voltadas para os sagrados interesses da coletividade.

Choramos o falecimento do ex-senador Nelson Maculan e do ex-senador e ex-governador José Richa e em fins de dezembro pranteamos a morte de Adhail Sprenger Passos, que também cumpriu luminosa carreira política, todos os três militantes do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que congregou os combatentes da democracia contra o regime militar, depois que o Ato Institucional nº 2, editado pelo marechal Castelo Branco, extinguiu, em 1965, as antigas agremiações Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido Social Democrático (PSD), União Democrática Nacional (UDN), Partido Democrata Cristão (PDC), Partido Republicano (PR), Partido Social Progressista (PSP) e outras que vinham atuando sob a égide da Constituição Federal de 18 de setembro de 1946, seguindo-se à redemocratização pós-Estado Novo, que perdurou de 1937 a 1945, sob a liderança de Getúlio Vargas.

Após ter militado no Partido Democrata Cristão, que teve Ney Braga como a sua figura máxima, Adhail estava em recesso político-partidário quando o procurei na velha sede do Departamento de Correios e Telégrafos (DCT) para convidá-lo a ingressar no MDB e concorrer a vereador no pleito de 1968. Eu tinha estruturado e presidia o primeiro Diretório do MDB de Curitiba, em 1967, e me empenhava para formar chapa completa para o pleito de 1968, porquanto naquele momento ainda havia muito temor em integrar as hostes oposicionistas.

Apesar de existirem apenas dois partidos admitidos pelo sistema (Arena do governo, e MDB, oposição consentida) não conseguimos todos os nomes e disputamos com poucos candidatos. Mesmo assim, pulamos de um vereador (só ficou no MDB o saudoso Arlindo Ribas de Oliveira, porque os demais se acomodaram sob o guarda-chuva do arbítrio) para sete representantes do MDB, e o engenheiro-civil Adhail Sprenger Passos foi o mais votado e tornou-se líder de uma bancada composta por valorosos companheiros, que viriam a percorrer vitoriosas caminhadas: Mauricio Fruet, deputado estadual e deputado federal e prefeito nomeado de Curitiba; Eneas Farias, deputado estadual, deputado federal e senador; Adalberto Daros, deputado estadual reeleito várias vezes.

Adhail se reelegeu três vezes e em 1982 galgou a Assembléia Legislativa, elegendo-se em 1985 vice-prefeito, na chapa de Roberto Requião, infringindo histórica derrota a Jaime Lerner, que exercera por nomeação a Prefeitura de Curitiba, de 1971 a 1974 e de 1978 a 1982.

No anterior mandato do governador Roberto Requião, Adhail foi secretário de Estado da Ciência e Tecnologia, onde se destacou pela competência, honestidade e dinamismo. Na vida partidária, ele presidiu o MDB e o PMDB e teve importante participação na luta pela reconquista das liberdades e do estado de direito.

Adhail Sprenger Passos sempre travou a melhor pugna democrática, praticando e defendendo os valores éticos com firmeza e inflexibilidade. Ele é mais uma prova irrefutável de que há muitos homens públicos que dignificam e enaltecem a atividade político-partidária.

Léo de Almeida Neves

é ex-deputado federal (PMDB PR) e ex-diretor do Banco do Brasil. Autor dos livros “Destino do Brasil: Potência Mundial”, Editora Graal, RJ, 1995, e “Vivência de Fatos Históricos”, Editora Paz e Terra, SP, 2002.

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